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PAINEL DO LEITOR
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Pesquisa
"A reportagem "Lula descumpre
promessa e não reajusta valor de
bolsas" (Ciência, 10/4) veio em um
momento oportuno para destacar a
precarização das condições de pesquisa nas universidades.
Neste ano, por exemplo, nenhuma bolsa nova de mestrado e doutorado foi concedida, apesar do aumento do número de cursos e de
alunos. Mesmo em centros de excelência, como a Unicamp, há programas de pós-graduação em que o número de bolsas a alunos não atinge
nem 10% do total de matriculados.
Os que conseguem ter acesso a
tais bolsas (CNPq e Capes) recebem um valor insuficiente para
prover despesas básicas e as atividades próprias do ofício, como
compra de livros, cursos de línguas,
participação em congressos etc.
A perda do poder de compra nos
dez anos que essas bolsas passaram
sem reajuste (1994-2004) não foi
corrigida com os dois aumentos
que tivemos -e nem o seria com
este que não veio."
MAIRA ABREU e OLÍVIA JANEQUINE, em nome da Assembléia dos Estudantes de Pós-Graduação do
IFCH-Unicamp (Campinas, SP)
Trânsito
"Há algumas soluções, provisórias, que podem ser tomadas de
imediato para aliviar os terríveis
problemas ante a crescente presença de carros nas ruas. Mas nenhuma
resolverá definitivamente a questão, pois o número de veículos seguirá aumentando, e nossas ruas
serão sempre insuficientes.
A única solução é termos em São
Paulo e em municípios vizinhos
300 quilômetros de metropolitano,
como sucede em praticamente todas as grandes capitais do mundo.
Como os governos federal, estadual e municipais não têm os recursos necessários, se pagássemos R$
0,10 a mais por litro de combustível,
poderíamos construir 50 quilômetros de metrô por ano."
PAULO PLANET BUARQUE (São Paulo, SP)
Tibete
"Excelente o artigo de ontem do
senhor Aldo Pereira ("Brumas do
Tibete", pág. A3), síntese de uma
história tibetana que não deixa lugar a dúvidas. Fora da defesa indiscutível dos direitos humanos no Tibete, é conveniente não esquecer o
respeito à integridade territorial da
China, tantas vezes explorada por
diversas potências colonialistas.
Os que pedem a independência
do Tibete deveriam considerar a hipótese de que forças estrangeiras
propusessem a independência da
Amazônia, do Rio Grande do Sul, do
Texas (que já foi do México), da Catalunha etc.."
JUAN CARLOS CAMPS (São Paulo, SP)
Voto
"Para alguns, a idéia de Melvyn
Cohen ("Painel do Leitor", 9/4), de
suspender o direito de voto de
quem recebe alguma "benesse" do
governo, parece boa. Mas será que
esses leitores não sabem que muito
mais dinheiro é gasto com os alunos
da universidades federais gratuitas,
com o pagamento de funcionários
públicos aposentados, com indenizações, com incentivos legais, como
a Lei Rouanet, etc.? Estariam também os beneficiários dessas "benesses" impedidos de votar?
Esses leitores sabem muito bem
disso, mas não custa tentar fazer
com que os pobres não votem, deixando esse direito só para os ricos e
proprietários, como já foi no passado. São idéias como esta, de um elitismo muito mal disfarçado, que
comprometem a difícil construção
da democracia em nosso país."
SERGIO ALEXANDRE ANTUNES DE CARVALHO
(São Paulo, SP)
Escola
"A reportagem "Onda de assaltos
a estudantes une colégios de Higienópolis" (Cotidiano, 27/3), assinada por Paulo Sampaio, apresentou
um retrato negativo da Escola Estadual Professor Fidelino de Figueiredo, que conduz o leitor à possibilidade de fomentar o preconceito e,
nesse sentido, contribui para uma
divisão mais violenta e estereotipada entre esse público adolescente.
Podemos pensar em uma posição
preconceituosa do jornalista, pois
apresenta alunos da Professor Fidelino de Figueiredo como ladrões,
estabelecendo e acentuando uma
diferença nítida entre aqueles das
escolas privadas da região. Para
sustentar os seus argumentos, Paulo Sampaio utiliza o depoimento de
algumas pessoas, supostamente
alunos menores de idade da escola.
Compreendemos que o subtítulo
da reportagem -"Escola rica x pobre'- pode incitar a violência entre
os estudantes da região, que se encontram na mesma comunidade.
É importante ressaltar que os
problemas sociais não atingem, exclusivamente, os alunos da escola
pública. Logo, cremos que temos de
acabar com as origens desses problemas, uma vez que se encontram
vinculadas às desigualdades sociais.
Ademais, acreditamos que os
grandes veículos de comunicação
não pretendem, em hipótese nenhuma, alimentar posicionamentos não-éticos e preconceituosos,
uma vez que contribuem para a
construção de sentidos do mundo."
SILVANA SOARES DE ASSIS, professora da escola, e
SANDRA FERREIRA BASTOS, mãe de aluno
(São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Paulo
Sampaio - A reportagem não
apresentou alunos da escola estadual como ladrões, apenas colheu depoimentos de alguns estudantes da escola.
Enem
"O Colégio Bandeirantes estranhou a cobertura recebida no caderno Educação, sobre o Enem
(4/4). Houve duas versões substancialmente diferentes, em conteúdo
e forma.
A primeira ("Bandeirantes, 2º colocado, investe em mestres') foi da
jornalista Talita Bedinelli, que esteve pessoalmente no colégio. A segunda ("Bandeirantes, 2º colocado,
expulsa reprovados'), em tom
agressivo, foi do editor do caderno,
que não esteve no colégio.
O Bandeirantes não expulsa reprovados. Expulsa reprovados em
quatro ou mais matérias. Isso não
parece ser um detalhe a ser explicado cinco parágrafos depois. Certamente todos lerão o título, mas
nem todos lerão o texto.
Tal comportamento parece estar
relacionado diretamente ao Bandeirantes, já que os textos sobre os
outros colégios, positivos, não foram por ele reescritos.
O Bandeirantes é, há muitos
anos, o colégio que mais aprova na
Fuvest. E é o segundo colocado no
Enem. Deve haver algo que explique o desempenho de nossos alunos. Talvez seja o investimento nos
professores, como a primeira reportagem levava a crer. Certamente não é por "expulsarmos alunos".
MAURO DE SALLES AGUIAR, diretor-presidente do
Bandeirantes (São Paulo, SP)
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