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Parceria estratégica
Visita do presidente da China ao Brasil oferece oportunidade para rever as relações comerciais entre os dois países
O PRESIDENTE da China,
Hu Jintao, visitará o
Brasil na semana que
vem, por ocasião da
reunião de cúpula do Foro Bric
(Brasil, Rússia, Índia e China),
em Brasília. Será a segunda visita
do líder da ditadura chinesa ao
Brasil. A primeira aconteceu em
2004 e ajudou a estabelecer as
bases de um relacionamento bilateral mais amplo, que, no entanto, caminhou mais devagar
do que poderia.
Naquela oportunidade o governo Lula anunciou que reconheceria a China como economia de mercado em troca de algumas contrapartidas comerciais e na ingênua expectativa de
obter apoio para o pleito brasileiro de ganhar assento permanente no Conselho de Segurança das
Nações Unidas.
De 2004 para cá, a importância
global da China só aumentou.
Para o Brasil a consequência
mais relevante foi o aumento dos
preços e dos volumes exportados
de matérias-primas. A voraz demanda chinesa por commodities
foi a principal causa do choque
favorável em nossos termos de
troca (preços de exportações em
relação aos das importações) nos
últimos anos.
Em 2009 a China ultrapassou
os EUA e se tornou o maior parceiro comercial brasileiro, absorvendo US$ 20,2 bilhões (13,2%)
de nossas exportações. As matérias-primas representaram 90%
deste valor. Apenas dois produtos, minério de ferro e soja, geraram receitas de US$ 13,4 bilhões,
66% do total das vendas.
Do lado das importações, o cenário é diverso. O Brasil comprou da China US$ 15,9 bilhões,
12,45% do total das importações,
quase a totalidade representada
por produtos manufaturados de
sofisticação média.
A visita do dirigente chinês é
uma oportunidade para rever esse quadro. Sob pressão dos EUA
e de outros países, a China está
próxima de reiniciar um esperado -e, ao que parece, inevitável- movimento de valorização
de sua moeda. Ao fazê-lo, dará
início a um ajuste econômico
que levará ao aumento de suas
importações e contribuirá para
transformar o país no maior
mercado consumidor do mundo
em 10 ou 15 anos. Mas que não se
alimentem ilusões: caberá ao
Brasil formular e executar uma
estratégia sólida de inserção no
competitivo mercado do país
asiático.
Também convém ao Brasil
aproveitar o interesse chinês de
elevar os investimentos de longo
prazo, que poderão conferir à
parceria o propalado caráter estratégico. Nos últimos meses foram anunciados US$ 2 bilhões
em investimentos chineses na
área de mineração, o que parece
ser apenas o começo. Seria desejável também incrementar o intercâmbio tecnológico -área em
que a China avança celeremente.
É de esperar que o governo
brasileiro aproveite a ocasião para avançar com a agenda econômica, que se afigura promissora
para os dois países.
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