São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Parceria estratégica

Visita do presidente da China ao Brasil oferece oportunidade para rever as relações comerciais entre os dois países

O PRESIDENTE da China, Hu Jintao, visitará o Brasil na semana que vem, por ocasião da reunião de cúpula do Foro Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), em Brasília. Será a segunda visita do líder da ditadura chinesa ao Brasil. A primeira aconteceu em 2004 e ajudou a estabelecer as bases de um relacionamento bilateral mais amplo, que, no entanto, caminhou mais devagar do que poderia.
Naquela oportunidade o governo Lula anunciou que reconheceria a China como economia de mercado em troca de algumas contrapartidas comerciais e na ingênua expectativa de obter apoio para o pleito brasileiro de ganhar assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
De 2004 para cá, a importância global da China só aumentou. Para o Brasil a consequência mais relevante foi o aumento dos preços e dos volumes exportados de matérias-primas. A voraz demanda chinesa por commodities foi a principal causa do choque favorável em nossos termos de troca (preços de exportações em relação aos das importações) nos últimos anos.
Em 2009 a China ultrapassou os EUA e se tornou o maior parceiro comercial brasileiro, absorvendo US$ 20,2 bilhões (13,2%) de nossas exportações. As matérias-primas representaram 90% deste valor. Apenas dois produtos, minério de ferro e soja, geraram receitas de US$ 13,4 bilhões, 66% do total das vendas.
Do lado das importações, o cenário é diverso. O Brasil comprou da China US$ 15,9 bilhões, 12,45% do total das importações, quase a totalidade representada por produtos manufaturados de sofisticação média.
A visita do dirigente chinês é uma oportunidade para rever esse quadro. Sob pressão dos EUA e de outros países, a China está próxima de reiniciar um esperado -e, ao que parece, inevitável- movimento de valorização de sua moeda. Ao fazê-lo, dará início a um ajuste econômico que levará ao aumento de suas importações e contribuirá para transformar o país no maior mercado consumidor do mundo em 10 ou 15 anos. Mas que não se alimentem ilusões: caberá ao Brasil formular e executar uma estratégia sólida de inserção no competitivo mercado do país asiático.
Também convém ao Brasil aproveitar o interesse chinês de elevar os investimentos de longo prazo, que poderão conferir à parceria o propalado caráter estratégico. Nos últimos meses foram anunciados US$ 2 bilhões em investimentos chineses na área de mineração, o que parece ser apenas o começo. Seria desejável também incrementar o intercâmbio tecnológico -área em que a China avança celeremente.
É de esperar que o governo brasileiro aproveite a ocasião para avançar com a agenda econômica, que se afigura promissora para os dois países.


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