São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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INSTABILIDADE FINANCEIRA

O mercado financeiro doméstico e global apresentou mais um dia de elevada instabilidade. O real se desvalorizou, a Bovespa caiu, seguindo as principais Bolsas de Valores, e o risco Brasil atingiu os 800 pontos, o dobro do registrado em janeiro. A incerteza sobre a trajetória das taxas de juros americanas tem levado os investidores a desmontar posições, sobretudo aquelas realizadas com recursos de terceiros. Buscam reorganizar seus portfólios de investimentos, vendendo os ativos mais arriscados, como os dos países emergentes, e comprando os mais líqüidos e seguros, como os títulos da dívida pública americana.
No âmbito doméstico, os investidores procuram reduzir os prazos de suas aplicações financeiras, mantendo seus recursos em fundos de investimento com liqüidez imediata. Os gestores de investimento venderam os títulos de longo prazo remunerados pela Taxa Selic (LFTs), derrubando seus preços. A Secretaria do Tesouro Nacional foi forçada a realizar leilões para resgatar antecipadamente os títulos longos e oferecer papéis mais curtos. Os fundos de investimento, que carregavam as LFTs longas em suas carteiras, vinham enfrentando perdas com as desvalorizações desses títulos e apresentando variações negativas de cotas.
Enfim, os movimentos dos mercados internacionais e nacionais não parecem estar associados aos fundamentos da economia brasileira, dado o elevado superávit fiscal (4,25% do PIB para honrar uma parte dos juros da dívida pública) e o saldo na balança comercial (em torno de US$ 25 bilhões). A movimentação parece estar associada ao aumento na aversão ao risco dos investidores. Nesse contexto, a margem de manobra das políticas internas fica bastante restringida. De todo modo, pode-se procurar conter algumas fontes de instabilidade, como sinalizou o Tesouro, reduzindo os prazos dos títulos e renovando as operações de dívida pública indexada à taxa de câmbio.


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