São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Índios
"A reportagem "Índias ligam chacina a estupro e prostituição" (Brasil, 10/5) mostra o lado mais afetado pela presença branca no território indígena: as mulheres e as crianças. Elas constituem o elo mais frágil nessa relação centenária que ocorre no país que é a invasão das terras indígenas. Brancos, no caso os garimpeiros, que violentam mulheres índias e índios que ficam seduzidos pelas mulheres brancas. A humilhação e o preconceito sofrido pelas crianças índias são retratos de um cenário que demonstra a incompetência do poder público para lidar com essa questão."
Gilberto da Silva (São Paulo, SP)

Estabilidade
"No recente programa político do PT, o ministro Antonio Palocci Filho enalteceu a estabilidade da economia brasileira no governo Lula, dizendo que esse é o pilar para o desenvolvimento. Não demorou uma semana para o dólar disparar, provocando uma desvalorização significativa do real. Onde está a propalada estabilidade econômica, que não resiste a rumores de uma possível elevação dos juros nos Estados Unidos e à derrota do governo na votação da MP dos bingos?"
Hugo Sérgio Urquiza de Castro (Rio de Janeiro, RJ)

Dor-de-cotovelo
"Absolutamente não confio na reportagem do "New York Times". Nunca, em nenhum jornal brasileiro, foi publicada alguma preocupação nacional sobre alguma tendência à ingestão de "bebidas fortes" por parte do presidente da República. Afinal, o que esperava o "NYT'? Que o senhor "Da Silva" estivesse na Oktoberfest levantando uma caneca com chá ou chimarrão? Isso mais parece dor-de-cotovelo por parte dos EUA, pois o Brasil não se envolveu na interminável Guerra do Iraque. Além disso, os EUA perderam na Justiça a disputa sobre o subsídio ao algodão em processo aberto pelo Brasil. Afinal, qual brasileiro não bebe na Oktoberfest?"
Filipe Machado (São Paulo, SP)

Pequena empresa
"A voracidade tributária e os entraves burocráticos, em cujo terreno prosperam a irracionalidade, o desperdício e a corrupção, destroem a pequena empresa ao mesmo tempo em que geram a informalidade, que, por sua vez, institucionaliza o desemprego, que promove a pirataria, que ajuda o contrabando, que deságua no tráfico de drogas e de armas, que estabelece as guerras entre quadrilhas, que se desdobram em roubo de carros, em lavagem de dinheiro, em assaltos e em um leque interminável de opções delituosas. Enquanto isso, os governos estão de costas, interessados apenas em suas mesquinharias políticas. Demagogicamente, os governantes anunciam medidas contra essas pontuais decorrências, como se elas não tivessem uma origem comum: a destruição da pequena empresa, responsável por 60% dos postos de trabalho do mercado."
Orlando Gonzalez (Rio de Janeiro, RJ)

Livre-arbítrio
"Acuado pelas denúncias de tortura, o governo norte-americano vai procurar arranjar um bode expiatório para dar respostas à opinião pública. É o caso do carcereiro, Jeremy Sivits, primeiro escolhido para enfrentar a corte marcial e que está sendo acusado de ser o responsável por boa parte das fotografias de tortura. Sivits é mecânico de caminhão e faz parte do exército de mercenários que, sem preparo para a guerra, foram convocados a peso de ouro para lutar no Iraque. É subestimar a inteligência da humanidade tentar fazer crer que esse e outros homens fizeram essas torturas por livre-arbítrio, sem ordem, consentimento ou autorização de forças superiores."
Antonio Negrão de Sá (Rio de Janeiro, RJ)

Opção
"Os trabalhos do Senado brasileiro, apresentados nesta Folha nas duas últimas semanas, convencem-me mais ainda de que eu fiz a opção correta há 13 anos. Brasileiro que quer ser feliz tem de tomar emprestado o país do outro. Querer ressuscitar mais de 8.000 vagas para vereadores e derrubar uma medida provisória -a da proibição do bingos- só para a oposição mostrar ao governo que tem alguma força, sem se preocupar com a qualidade de vida da sociedade brasileira, é muito deprimente. Se bingo dá emprego, autorizem também a venda de drogas."
Marcus Perucello (Toronto, Canadá)

Ninguém, nada
"Ainda pior do que a anestesia moral imposta pela cotidiana avalanche de violência veiculada na mídia é a sensação de que ninguém está fazendo nada para evitar que a pobre criança de hoje se torne o marginal de amanhã. Como se pode exigir de um moleque faminto, criado aos pontapés, sem pai, sem escola, sem religião e sem amor que se torne um cidadão exemplar ao crescer?"
Ricardo Toledo de Oliveira e Souza (São Paulo, SP)

Empresários e investidores
"Em sua visão peculiar do mundo econômico e financeiro, o senhor José Pascoal Vaz ("Painel do Leitor", 8/5) oferece-nos uma versão um tanto inquisitória e politizada da realidade brasileira. Ao mesmo tempo em que canoniza os empresários, o senhor Vaz condena ao fogo eterno os aplicadores financeiros, numa generalização cômoda e perversa. Ora, da mesma maneira que há empresários que não devem nada ao fisco, há os que devem -e muito. E boa parte deles conhece e usa todos os truques e brechas existentes na lei para recolher menos imposto. Quando não conhecem, contratam contadores que conhecem. Há ainda os que simplesmente não recolhem impostos. E não nos esqueçamos também do velho jeitinho brasileiro. Mais à frente, o leitor faz uma generalização injusta ao colocar no mesmo balaio aplicadores e especuladores. É sabido que o especulador é alguém que arrisca seu capital, quer por compulsão, quer por possuir informações privilegiadas. Já o aplicador é alguém que tenta evitar a corrosão inflacionária de suas economias."
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)

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