São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Malvinas
"Em relação ao artigo "É alienação reacender debate sobre Malvinas, diz britânico" (Mundo, 30/4), desejo dizer que as afirmações do senhor Lawrence Freedman carecem de fundamento tanto diplomático como jurídico, pois os títulos que fundamentam os direitos de soberania argentina sobre as ilhas Malvinas, ilhas Geórgia do Sul e ilhas Sandwich do Sul e sobre os espaços marítimos circundantes continuam em vigor. Tanto é assim que, no mesmo ano em que ocorreu o conflito no Atlântico sul, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 37/9, de 9 de novembro de 1982, em cujo texto se assinala que "(...) a manutenção de situações coloniais é incompatível com o ideal de paz universal das Nações Unidas", e reafirma a necessidade de que "(...) as partes levem devidamente em consideração os interesses da população das ilhas Malvinas (...) em conformidade com o estabelecido pela Assembléia Geral em (...), a Resolução 2065, (...) pede aos governos da Argentina e do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte que retomem as negociações a fim de que se encontre, na maior brevidade, uma solução pacífica para a disputa de soberania referente à questão das ilhas Malvinas". A seguir, e até o ano de 1988, esse mesmo órgão aprovou mais seis resoluções no mesmo sentido. Além disso, a questão das ilhas Malvinas é tema permanente da agenda da Assembléia Geral das Nações Unidas e é tratado de forma contínua pelo Comitê Especial de Descolonização da ONU e da Assembléia Geral dos Estados Americanos, que, ano após ano, instam às duas partes a retomarem as negociações no sentido mencionado. Por outro lado, não se compreende a expressão do senhor Freedman quando fala do "retorno dos argentinos ao tema da reivindicação da soberania sobre as ilhas", pois desde 1833 até hoje a República Argentina não tem deixado de reclamar os seus legítimos direitos de soberania sobre os arquipélagos mencionados."
Juan Pablo Lohlé, embaixador da Argentina no Brasil (Brasília, DF)

Chico
"Lendo a entrevista com Chico Buarque na Ilustrada de 6/5, tive um olhar e uma interpretação totalmente diferentes daqueles da leitora Nirma Tereza Lemos ("Painel do Leitor", 9/5). O compositor-símbolo das Diretas Já, cujas músicas retratavam e ainda continuam retratando a dura realidade, não afrontava o regime da ditadura de forma simbólica por vaidade, mas, sim, por tudo o que o regime representava contra a liberdade de expressão e de manifestação de seu povo. Penso que a leitora se tenha equivocado ao chamar Chico de incoerente. Aliás, julgo que ele, mais uma vez, esteja mostrando exatamente a sua coerência, pois começa falando do seu desgosto com o PT, com o governo Lula e com toda essa situação em que nos encontramos neste momento. Em nenhum momento Chico manifestou concordar, defender ou compactuar com os fatos. O que ele frisou muito claramente -e repudiou- é que a oposição se aproveita deste momento para reforçar a questão do preconceito de classe -e direciona esse preconceito objetivamente na pessoa do presidente Lula."
Fábio Leissmann (Piracicaba, SP)

Acupuntura
"Quero parabenizar a Folha pela publicação da reportagem "Ministério da Saúde bancará homeopatia e acupuntura" (Cotidiano, 9/5). Apesar das resistências e críticas das entidades médicas, é uma das melhores notícias de 2006 para o povo brasileiro a médio e longo prazo. A medida vai beneficiar a saúde das pessoas, reduzir os gastos com remédios e diminuir as internações hospitalares. O povo terá um atendimento terapêutico mais eficaz. A medicina praticada pode ser pobre, mas os tratamentos alternativos aplicados pelos profissionais de saúde enriquecem, humanizam e dignificam os pacientes. A acupuntura praticada apenas por médicos não consegue atender à demanda dos pacientes, e as filas de espera duram até quatro anos. A única forma de oferecer acupuntura para a população é criando equipes multiprofissionais. Defendi essa proposição na Comissão de Assuntos Sociais do Senado em 1996 e venho sofrendo perseguição do CFM, desencadeada pelos médicos acupunturistas. Com meus 30 anos de exercício profissional, considero o Conselho Federal de Medicina como corporativista, porque vem obstruindo a regulamentação multiprofissional da acupuntura desde 1985. Finalmente o Ministério da Saúde conseguiu escapar da tutela dos médicos. O povo será o maior beneficiado."
Wu Tou Kwang, médico cirurgião vascular e administrador hospitalar (São Paulo, SP)

Termalismo e sanguessuga
"O termalismo pode não ser uma ciência exata, baseada em evidências científicas, mas tem seu valor histórico" ("Ministério da Saúde bancará homeopatia e acupuntura"). Com essa frase, do senhor Francisco Batista Júnior, do Conselho Nacional de Saúde, podemos prever que, em breve, o Ministério da Saúde e o CNS estarão aprovando a utilização de sangria com sanguessuga, pois não há evidência científica que dê suporte ao procedimento, mas ele tem seu "valor histórico"."
Joelcio Francisco Abbade (São Paulo, SP)

 

"Em resposta à declaração do doutor Roberto D'Ávila, corregedor do CFM, em que manifesta a sua opinião de que tratamentos com águas minero-medicinais são "coisa de maluco", é meu dever, como médico termalista desde 1982, esclarecer que, desde o início do século passado, o termalismo iniciou o seu desenvolvimento no Brasil. Informo também que o Instituto de Hidrologia Médica da Universidade Complutense de Madri publica sua produção científica com periodicidade, assim como fazem os órgãos de pesquisa termal ligados ao Ministério da Saúde de Cuba. Para os que desejam especializar-se, está disponível a pós-graduação em termalismo na Universidade Nacional de Entre Rios (Argentina). Sugiro ao doutor D'Ávila a leitura das recentes pesquisas científicas realizadas em hospitais do Japão e da União Européia sobre o tratamento de arteriopatias periféricas com água carbônica. Realmente, desconhecer esses fatos e incentivar a sua não aplicação no SUS é "coisa de maluco"."
Marcos Untura Filho, diretor científico da Sociedade Brasileira de Termalismo, membro titular da Comissão Permanente de Crenologia do Departamento de Produção Mineral (DNPM) do Ministério das Minas e Energia (Poços de Caldas, MG)

Juros
"Achei curiosa a explicação do banco Itaú de que os juros não baixam devido à inadimplência ("Inadimplência segura juro, diz Itaú", Dinheiro, 10/5). Como os empréstimos são analisados pelos profissionais do banco, seria mais lógico que as prevenções contra a inadimplência fossem tomadas pelos próprios financiadores para que não fiquem relegadas, como alegado, às condições conjunturais de mercado e da economia. Mesmo porque, quem entende mais de mercado do que os bancos? Além disso, inadimplência não existe, pois ela é simplesmente repassada aos demais tomadores de empréstimos. Ou seja, os bons pagadores e o país que se danem. E as autoridades monetárias ainda engolem tal absurdo."
Sérgio Caiuby Novaes (São Paulo, SP)

 

"Folha de S.Paulo, caderno Dinheiro, edição de ontem. Página B2: "Inadimplência segura juro, diz Itaú". Página B11: "Itaú tem lucro recorde de R$1,46 bi no primeiro trimestre". Sem comentarios."
Pierre René Weber (São Paulo, SP)


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