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CLÓVIS ROSSI
O pacto Lula/Bush
SÃO PAULO- O repórter Ricardo
Balthazar ("Valor Econômico") publicou nesta semana valioso resumo das relações entre os governos
George Walker Bush e Luiz Inácio
Lula da Silva, extraídos de documentos confidenciais do Departamento de Estado.
Não há uma revelação bombástica ou algo que não desse para notar
mesmo de fora dos salões em que se
tecem os entendimentos entre governantes. Mas deles emerge claramente o seguinte:
1 - Lula mostrou antes aos norte-americanos que seria a "metamorfose ambulante" que só depois contaria aos brasileiros.
2 - Lula comprometeu-se com o
governo Bush a não servir "surpresas" na política econômica. Ou seja,
a arquivar as "bravatas" do velho PT
e a seguir o receituário herdado de
Fernando Henrique Cardoso, pró-mercado e pró-credores.
Se os documentos se referissem
ao diálogo entre FHC e Bush (ou
Clinton), o velho PT de língua afiada imediatamente gritaria "vendido ao imperialismo".
Agora, faz-se silêncio denso em
todos os quadrantes político-ideológicos. De fato, não dá para dizer
que os documentos revelam submissão. Mas aparece nitidamente
uma espécie de pacto de não-agressão (aos interesses dos Estados
Unidos, inclusive de suas empresas), em troca do aval ao que Bush,
brincando, diria ser uma "boa política republicana" (republicana no
sentido de Partido Republicano,
um dos diabos preferidos da antiga
demonologia da esquerda).
Talvez o pacto tenha sido inevitável. Quem não o fez (Hugo Chávez,
Evo Morales) sofreu ou sofre tentativas de golpe ou conspirações.
De todo modo, fica claro que é
uma fraude o discurso antielite que
Lula ainda adota e que freqüenta o
vocabulário de muito petista, especialmente da ala hidrófoba-debilóide. Ninguém é mais elite do que a
elite das potências.
E ela adora Lula.
crossi@uol.com.br
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