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Fora do casulo
COM O agravamento da crise,
em setembro de 2008, o
acesso de empresas, bancos e governos de países em desenvolvimento ao crédito externo foi abruptamente interrompido. Devagar, o cenário dá mostras de desanuviar. As taxas de
juros nos principais mercados
interbancários caem aos poucos.
Corroborando o quadro menos
nebuloso, a divulgação dos "testes de estresse" nos Estados Unidos -auditorias para avaliar a
solvência dos bancos americanos- revelou uma situação menos periclitante que a esperada.
Pelos testes, um conjunto de
instituições terá de levantar US$
74,6 bilhões para proteger-se de
uma possível nova rodada de deterioração financeira. Um número "assimilável", já que as autoridades americanas ainda dispõem
de US$ 109,6 bilhões para injetar
no sistema financeiro.
Nesse ambiente, algum apetite
pelo risco voltou a aparecer, e investidores saíram às compras.
Dois grandes bancos aproveitaram a onda e tomaram mais de
US$ 15 bilhões no mercado de
ações e de dívida privada. Essa
incipiente saída do casulo ajudou a aliviar, sem dissipar, a desconfiança que pesa sobre os bancos nos Estados Unidos.
Os fundos de investimentos,
que aplicam em países emergentes, receberam US$ 3,67 bilhões
nos primeiros dias de maio. O governo brasileiro também aproveitou e tomou um empréstimo
externo de US$ 750 milhões. A
demanda pelos papéis brasileiros foi de quase US$ 4,5 bilhões.
O Tesouro pagou juros de 5,8%
ao ano. A diferença com relação à
taxa paga pelo governo americano no papel com o mesmo vencimento (dez anos) foi de apenas
2,5 pontos percentuais -meio
ponto abaixo do que recomendaria o chamado risco-país.
A operação do Tesouro brasileiro não atende a nenhuma necessidade imediata de caixa -pelo contrário, o país dispõe de elevado volume de reservas em dólar. O objetivo principal é reabrir
o mercado de crédito externo para os agentes privados.
Ainda paira muita incerteza
sobre o desenrolar da crise -novas e violentas recaídas não podem ser descartadas. Surge, entretanto, a primeira perspectiva
de desafogo para muitas empresas brasileiras, que há quase oito
meses enfrentam sérias dificuldades para refinanciar suas dívidas em moeda estrangeira.
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