São Paulo, segunda-feira, 11 de maio de 2009

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Editoriais

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Fora do casulo

COM O agravamento da crise, em setembro de 2008, o acesso de empresas, bancos e governos de países em desenvolvimento ao crédito externo foi abruptamente interrompido. Devagar, o cenário dá mostras de desanuviar. As taxas de juros nos principais mercados interbancários caem aos poucos.
Corroborando o quadro menos nebuloso, a divulgação dos "testes de estresse" nos Estados Unidos -auditorias para avaliar a solvência dos bancos americanos- revelou uma situação menos periclitante que a esperada.
Pelos testes, um conjunto de instituições terá de levantar US$ 74,6 bilhões para proteger-se de uma possível nova rodada de deterioração financeira. Um número "assimilável", já que as autoridades americanas ainda dispõem de US$ 109,6 bilhões para injetar no sistema financeiro.
Nesse ambiente, algum apetite pelo risco voltou a aparecer, e investidores saíram às compras. Dois grandes bancos aproveitaram a onda e tomaram mais de US$ 15 bilhões no mercado de ações e de dívida privada. Essa incipiente saída do casulo ajudou a aliviar, sem dissipar, a desconfiança que pesa sobre os bancos nos Estados Unidos.
Os fundos de investimentos, que aplicam em países emergentes, receberam US$ 3,67 bilhões nos primeiros dias de maio. O governo brasileiro também aproveitou e tomou um empréstimo externo de US$ 750 milhões. A demanda pelos papéis brasileiros foi de quase US$ 4,5 bilhões.
O Tesouro pagou juros de 5,8% ao ano. A diferença com relação à taxa paga pelo governo americano no papel com o mesmo vencimento (dez anos) foi de apenas 2,5 pontos percentuais -meio ponto abaixo do que recomendaria o chamado risco-país.
A operação do Tesouro brasileiro não atende a nenhuma necessidade imediata de caixa -pelo contrário, o país dispõe de elevado volume de reservas em dólar. O objetivo principal é reabrir o mercado de crédito externo para os agentes privados.
Ainda paira muita incerteza sobre o desenrolar da crise -novas e violentas recaídas não podem ser descartadas. Surge, entretanto, a primeira perspectiva de desafogo para muitas empresas brasileiras, que há quase oito meses enfrentam sérias dificuldades para refinanciar suas dívidas em moeda estrangeira.


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