São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011 |
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Editoriais editoriais@uol.com.br Promessa de ministro Edison Lobão ameaça forçar queda no preço da gasolina só no momento em que os fatores que levaram à alta já se encontram em retração O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), ao anunciar que a BR Distribuidora forçará a queda do preço da gasolina nos postos, recorreu a um ardil de políticos tarimbados: perfilar-se como protagonista de um processo espontâneo, independente da ação do governo. O valor da gasolina já cai sozinho, graças às forças de mercado. Imperfeita como é a formação de preços no setor, precisamente pela presença avassaladora da Petrobras e da subsidiária BR, as mesmas forças já haviam levado à alta recente do combustível. Não em decorrência da escalada na cotação do petróleo, com a tensão no Oriente Médio, mas de peculiaridades do mercado nacional. A área de combustíveis no país se diferencia pela forte penetração do álcool, sustentada pela frota de mais de 12 milhões de veículos flex. Na entressafra da cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, e também com a alta cotação do açúcar no mercado internacional, os preços do produto alternativo à gasolina começaram a subir. Diante da alta, o consumidor passou a trocar o álcool pela gasolina, pois o diferencial de valor entre os dois combustíveis deixou de lhe trazer vantagem. Os preços da gasolina começaram a subir, também, mas não só por causa da demanda aquecida. No Brasil, a gasolina recebe mistura de 25% de álcool (do tipo anidro, que não se confunde com o hidratado, usado nos motores flex). Com as vendas disparadas do derivado de petróleo e a menor produção de álcool, o anidro passou a escassear e também sofreu alta acelerada. O país chegou a importar 200 milhões de litros de anidro, um fato incomum. Quase todos esses fatores já se encontram em reversão. A colheita de cana está aumentando, e, com ela, a produção de álcool. Os preços recuam. Entre meados de abril e a primeira semana de maio, o do anidro perdeu 23,9% de seu valor na saída das usinas. O álcool anidro representa um quarto do custo da gasolina. Se o retrocesso no seu preço alcançar um real, como já se prevê, ela ficará 25 centavos mais barata. A diminuição demora alguns dias ou semanas para afetar o valor nas bombas dos postos, mas virá. Não porque mandou o ministro Lobão, e sim em obediência à lei da oferta e da procura. Próximo Texto: Editoriais: O Itamaraty rebaixado Índice | Comunicar Erros |
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