São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Ampliar Guarulhos ou covardia? PAULO MALUF Os críticos diziam que o aeroporto de Guarulhos "era obra faraônica, desnecessária"; hoje, ele precisa urgentemente passar por uma ampliação O Aeroporto Internacional de Guarulhos começou a ser construído quando eu era governador de São Paulo (1979-1982). Foi possível fazê-lo porque meu governo fez uma parceria com o Ministério da Aeronáutica. Aproveitou-se a experiência dos militares, a ampla área existente no lugar onde já funcionava a Base Aérea de Cumbica e os recursos do governo de São Paulo. O Aeroporto Internacional precisava de 14 milhões de metros quadrados. A base aérea de Cumbica tinha 10 milhões de metros quadrados. Foi preciso desapropriar só 4 milhões de metros quadrados, o que, com o terreno plano, barateou brutalmente o investimento. Como comparação, aeroporto equivalente no Japão custou US$ 26 bilhões. Guarulhos custou US$ 1,5 bilhão. O governo anterior ao meu pretendia construir o aeroporto no município de Cotia, distrito de Caucaia do Alto, o que só em serviço de terraplanagem dobraria o custo da obra. Refizemos os planos optando pela área de Guarulhos, ao mesmo tempo em que construíamos também a rodovia dos Trabalhadores (hoje Ayrton Senna), permitindo rápida ligação do novo aeroporto à capital paulista. Mesmo assim, a construção do aeroporto em Cumbica foi alvo de uma enorme campanha negativa. Houve até uma ação popular contra o investimento. Os críticos diziam que "era uma obra faraônica, desnecessária". E hoje ele precisa ser ampliado urgentemente. Um vereador de Guarulhos promovia semanalmente um espetáculo midiático, diante das câmeras de TV e jornais, deitando-se diante das máquinas escavadeiras para evitar que elas trabalhassem. Apesar de tudo, o aeroporto foi feito, e hoje está ultrapassado. Lotado. Com filas e mais filas, a tal ponto que algumas das empresas aéreas pedem a seus passageiros que cheguem para embarcar com quatro horas de antecedência. Cumbica aproxima-se da situação de Heathrow, em Londres, onde há trafego o dia inteiro, apesar de o aeroporto de Guarulhos ser menor. Entretanto, os planos originais do aeroporto previam uma terceira pista, que meus sucessores não fizeram. O lugar da terceira pista foi invadido. Agora, como opção, fala-se apenas em fazer um terceiro terminal. Mas é preciso fazer a terceira pista, construindo um projeto Cingapura para os eventuais desalojados. Dizem que Cumbica, hoje, está com movimento 30% além de sua capacidade. O projeto faraônico se tornou uma miniatura. Felizmente, temos muitos projetos. O que falta é coragem para realizá-los. O mal de alguns executivos é a covardia em ousar. Não há mais tempo a perder. Temos que ampliar Guarulhos e viabilizar Viracopos como verdadeiro aeroporto tanto internacional como para voos domésticos. Desafogaria toda a demanda proveniente do interior. E não se use o falso argumento de falta de verbas. Se tem para o trem-bala, não há que faltar para o transporte aéreo. PAULO MALUF, engenheiro, é deputado federal pelo PP-SP. Foi governador de São Paulo (1979-1982) e prefeito da cidade de São Paulo (1969-1971, 1993-1996). Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Armando Monteiro Neto: Em defesa da pequena empresa Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
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