São Paulo, domingo, 11 de junho de 2000


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VALDO CRUZ

Tartaruga

BRASÍLIA - Quase dois anos depois de forçar a venda do Excel-Econômico para o Banco Bilbao Viscaya, o Banco Central está para concluir o processo administrativo sobre a gestão do banqueiro Ezequiel Nasser.
Com ajuda de dinheiro do Proer, aquele programa de socorro a bancos em dificuldades financeiras, Nasser assumiu o comando do Econômico em 1996. Mais tarde, em agosto de 98, foi obrigado a vender seu banco.
Nas investigações feitas no Excel-Econômico de Nasser, o BC descobriu uma série de operações irregulares montadas para remeter dinheiro para o exterior. O banqueiro nega.
Mas a convicção do BC é tanta que Ezequiel Nasser, ao final do processo administrativo, deve receber a pena máxima: ficar proibido de exercer cargos em instituições financeiras pelos próximos 20 anos.
O mesmo vai acontecer com o banqueiro Salvatore Cacciola, preso no Rio. Mais de um ano depois de o BC ter socorrido o Banco Marka, o processo administrativo que investiga operações irregulares da instituição continua em andamento.
Mas também é dado como certo dentro do BC que o banqueiro Salvatore Cacciola será punido com o afastamento de cargos em instituições financeiras por 20 anos.
As punições, pelo que está sendo levantado, serão mais do que justas. O que não dá para entender é a demora do Banco Central. Em todos os casos, os processos estão se arrastando pelos escaninhos da instituição.
A lentidão do BC ganha contornos trágicos no caso do Banco Nacional. Marcos Magalhães Pinto, um de seus controladores, foi punido apenas cinco anos depois de o Nacional sofrer intervenção do Banco Central. É muito tempo. Uma tartaruga seria mais rápida.
Acelerar esses processos seria uma forma de o BC resgatar sua combalida imagem quando o assunto é fiscalização do sistema financeiro.


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