São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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REACOMODAÇÃO GLOBAL

O comportamento do mercado de trabalho vai confirmando a recuperação da economia norte-americana. Entre março e maio foram criados mais de 1 milhão de empregos. Diante disso, o Fed, banco central dos EUA, continua emitindo sinais de que deverá "normalizar" a sua política monetária altamente expansionista. A taxa de juros básica -"federal funds rate"- tem sido mantida desde de junho de 2003 em 1% ao ano (o nível mais baixo dos últimos 46 anos), com o intuito de estimular o aquecimento da atividade econômica.
Até o momento, a expectativa é que a taxa básica seja elevada em 0,25% já na próxima reunião do Fed, no final do mês. Espera-se, também, que três aumentos semelhantes ocorram até dezembro. Nesse cenário, os juros voltariam gradualmente a um patamar de neutralidade em relação à inflação e ao crescimento. Na terça-feira, porém, Alan Greenspan, presidente do Fed, sugeriu que poderá agir de maneira mais agressiva se as condições inflacionárias o exigirem, o que trouxe a possibilidade de uma alta de 0,5% na próxima reunião e aguçou a curiosidade sobre o comportamento dos preços em maio -cuja inflação será divulgada na próxima semana.
Aparentemente, um aumento dos juros dessa ordem ainda não estava assimilado pelos mercados. A incerteza tende a gerar volatilidade no mundo das finanças, uma vez que os investidores procuram se proteger modificando suas opções. Movimentos abruptos e não antecipados nos preços dos ativos podem implicar perdas importantes, sobretudo naqueles investimentos muito "alavancados" mediante crédito ou outros tipos de operações financeiras.
Seja em 0,25% ou em 0,5%, o certo é que o Fed aumentará os juros básicos, adequando-os a um novo cenário de crescimento. Nesse contexto, para o Brasil, um país ainda bastante dependente dos fluxos de capitais internacionais, torna-se especialmente relevante aprofundar o ajuste das contas externas. Isso significa continuar gerando superávit comercial para preservar o saldo em conta corrente, ampliar as reservas em moeda estrangeira do Banco Central e trabalhar por um câmbio mais estável.


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