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ÁLCOOL FATAL
Que bebidas alcoólicas podem matar já se sabe. A novidade é que o estão fazendo em ritmo
acelerado. Pesquisa da Fundação
Seade (Sistema Estadual de Análise
de Dados) feita com atestados de
óbito emitidos no Estado de São Paulo entre 2000 e 2002 mostra que as
doenças do fígado já são a segunda
causa de morte de homens entre 35 e
59 anos, perdendo apenas para as
patologias do coração. E o álcool responde por pouco mais da metade
dessas moléstias hepáticas.
Entre 1996 e 2002, as mortes por
doenças do fígado provocadas pelo
álcool subiram 14,8%, enquanto as
patologias motivadas por causas
não-alcoólicas caíram 21,4%.
Outro dado surpreendente diz respeito a diferenças na mortalidade
por regiões de Estado. Enquanto na
zona administrativa de Ribeirão Preto, no triênio 2000-2002, doenças do
fígado de etiologia alcoólica mataram 44,3 em cada grupo de 100 mil
homens de 35 a 59 anos, na área de
São José do Rio Preto a taxa foi de
15,4. A diferença está sobretudo no
maior número de alambiques e no
baixo preço da aguardente vendida
na região de Ribeirão Preto.
Esses dados devem servir como um
sinal de alerta para o governo. Já passa da hora de tratar o álcool como
uma droga. Não se trata, é claro, de
proibi-lo. Os norte-americanos já
tentaram bani-lo nos anos 20 e o efeito mais notável da medida não foi a
redução do alcoolismo, mas o incentivo ao gangsterismo. A exemplo do
que se fez com o cigarro, porém, é
preciso cercear a propaganda de bebidas e dar início a programas de esclarecimento, além de apoio à recuperação de dependentes.
Outra proposta a considerar é o aumento de impostos sobre bebidas,
principalmente as de alto teor alcoólico. O caso de Ribeirão Preto sugere
uma correlação entre baixo preço e
mortalidade por doenças hepáticas.
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