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CARLOS HEITOR CONY
Do alto do salto alto
RIO DE JANEIRO - Não é somente a seleção de futebol que está andando de salto alto. A experiência
ensina que o salto alto é expressão
geralmente mal informada de uma
superioridade que a realidade
desmente.
Também o presidente Lula está
andando de salto alto após a ressaca
dos escândalos que bagunçaram o
seu governo. Montado no cômodo
patamar de 60% das intenções de
voto em diversas regiões do país, ele
já se sente reeleito -somente um
fato novo (e improvável) impedirá
um novo desgoverno.
A questão que me parece certa é a
reeleição de Lula, em campanha
eleitoral explícita há mais de três
anos e sem concorrente categorizado à vista.
Reeleito, será um presidente de
coisa nenhuma, mais ou menos como agora. Terá uma representatividade para o cerimonial aqui dentro
e fora do país, mas, poder de imprimir um rumo ao país, isso não aconteceu agora nem acontecerá no próximo mandato.
Na atual gestão, tudo o que houve
foi um processo que vinha de outros
governos e que ele não conseguiu
atrapalhar. No mais, foi a sucessão
de escândalos dentro do próprio governo, com gente sua. Tivemos agora a invasão do MLST ao Congresso,
promovida também por gente sua,
que escolheu o Legislativo para a
depredação com a finalidade de enfraquecer um dos poderes da nação.
O protesto seria inaceitável, embora com lógica, se fosse dirigido ao
próprio Lula. Mas, como disse um
dos invasores, "Lula é dos nossos".
O que tudo isso significa? Que está em gestação uma espécie de ditador legalizado pelas urnas. Montará
sua equipe com retalhos, agindo
apenas diante de portas arrombadas, com notas oficiais condenando
desde assaltos aos cofres públicos a
assaltos a dependências da União.
Um ditador só possível num país
chamado Brasil.
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