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Ensino medíocre
Nível médio confirma-se como maior problema da educação básica no Brasil, que deveria tornar-se obrigatória até 17 anos
O ENSINO médio no Brasil está numa encruzilhada. O processo de
universalização desse
nível de escolaridade, qualificação indispensável para a correta
inserção do país na economia do
conhecimento, estagnou-se após
um crescimento
contínuo na década de 1990.
Estão na escola
98% das crianças de 7 a 14
anos, a faixa etária do ensino
fundamental,
mas só 82% dos
jovens de 15 a 17,
a mesma parcela desde 2001.
A comparação com os poucos
avanços no ensino fundamental
é desfavorável ao nível médio em
vários aspectos. Apenas a taxa de
reprovação é similar (12,1% e
12,7%, respectivamente), mas o
dado de 2007 -destacado na Folha de ontem com base em relatório da Unicef, órgão das Nações Unidas para a infância- dobrou, no caso dos adolescentes,
em relação aos 6,3% verificados
em 1998.
Mostra-se ainda preocupante
a taxa de abandono do ensino
médio. Embora tenha caído um
pouco entre 2006 e 2007, é quase três vezes maior (13,2%) que
no fundamental. Resumo da crise: poucos jovens chegam ao secundário, muitos não conseguem passar de ano e boa parte
deixa a escola para trabalhar ou
por simples desalento. Não espanta que o país tenha desempenho medíocre nos exames internacionais de avaliação.
Existe algum consenso sobre
os fatores concorrentes para tal
desastre. Absenteísmo e falta de
qualificação de professores,
equipamentos inadequados ou
inexistentes, estudantes desmotivados com aulas que nem preparam para o
vestibular nem
para o trabalho,
necessidade de
obter um emprego -não faltam razões para
afugentar jovens.
Diante desse
quadro, não bastam medidas tímidas ou experimentos pedagógicos como a
mudança curricular proposta
pelo Ministério da Educação. É
urgente ir muito mais fundo.
Recursos, em princípio, não
faltam, agora que o fundo nacional de educação abrange também o ensino médio e viu sua dotação federal saltar de R$ 2 bilhões para R$ 4,5 bilhões em dois
anos. Falta é uma medida ousada, como estender a obrigatoriedade para todo o ensino básico,
até a terceira série do nível médio. Nada menos que um compromisso nacional nessa direção
dará conta da tarefa.
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