São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Ensino medíocre

Nível médio confirma-se como maior problema da educação básica no Brasil, que deveria tornar-se obrigatória até 17 anos

O ENSINO médio no Brasil está numa encruzilhada. O processo de universalização desse nível de escolaridade, qualificação indispensável para a correta inserção do país na economia do conhecimento, estagnou-se após um crescimento contínuo na década de 1990. Estão na escola 98% das crianças de 7 a 14 anos, a faixa etária do ensino fundamental, mas só 82% dos jovens de 15 a 17, a mesma parcela desde 2001.
A comparação com os poucos avanços no ensino fundamental é desfavorável ao nível médio em vários aspectos. Apenas a taxa de reprovação é similar (12,1% e 12,7%, respectivamente), mas o dado de 2007 -destacado na Folha de ontem com base em relatório da Unicef, órgão das Nações Unidas para a infância- dobrou, no caso dos adolescentes, em relação aos 6,3% verificados em 1998.
Mostra-se ainda preocupante a taxa de abandono do ensino médio. Embora tenha caído um pouco entre 2006 e 2007, é quase três vezes maior (13,2%) que no fundamental. Resumo da crise: poucos jovens chegam ao secundário, muitos não conseguem passar de ano e boa parte deixa a escola para trabalhar ou por simples desalento. Não espanta que o país tenha desempenho medíocre nos exames internacionais de avaliação.
Existe algum consenso sobre os fatores concorrentes para tal desastre. Absenteísmo e falta de qualificação de professores, equipamentos inadequados ou inexistentes, estudantes desmotivados com aulas que nem preparam para o vestibular nem para o trabalho, necessidade de obter um emprego -não faltam razões para afugentar jovens.
Diante desse quadro, não bastam medidas tímidas ou experimentos pedagógicos como a mudança curricular proposta pelo Ministério da Educação. É urgente ir muito mais fundo.
Recursos, em princípio, não faltam, agora que o fundo nacional de educação abrange também o ensino médio e viu sua dotação federal saltar de R$ 2 bilhões para R$ 4,5 bilhões em dois anos. Falta é uma medida ousada, como estender a obrigatoriedade para todo o ensino básico, até a terceira série do nível médio. Nada menos que um compromisso nacional nessa direção dará conta da tarefa.


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