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CLÓVIS ROSSI
Espanto espantoso
SÃO PAULO - É espantoso o espanto da oposição com o fato de
Luiz Inácio Lula da Silva ter recuperado, nas mais recentes pesquisas, os (poucos) pontos de popularidade perdidos no levantamento
imediatamente anterior.
Espantoso porque só um tarado
seria capaz de atribuir ao presidente culpa pela crise. Com muita má
vontade, o máximo que se poderia
dizer é que ele foi, digamos, desatento, ao vir com a bobagem da
"marolinha", coisa que o PSDB recupera na propaganda que tem ido
ao ar esta semana, apesar de a frase
infeliz estar com o prazo de validade vencido.
Digamos, só para raciocinar, que
tenha havido menosprezo à crise. E
daí? Daí nada. Mesmo que Lula passasse 24 horas por dia diante de
uma telinha de computador, acompanhando a evolução da crise no
resto do mundo, e mesmo que, a cada notícia nova, emitisse ordens para a adoção de medidas preventivas
(ou corretivas), ainda assim a crise
teria chegado basicamente do tamanho que chegou.
Portanto, se a oposição quer ganhar a eleição do ano que vem, ou
esquece a crise ou diz o que faria
-que Lula não fez-- para atenuar
seus efeitos e/ou dela sair em melhores condições.
Outra coisa que a oposição poderia fazer é um pouco de aritmética:
o governador José Serra, seu candidato por enquanto mais forte, tem
mais intenções de voto do que todos os seus perseguidores somados
-condição que lhe asseguraria a vitória no primeiro turno se a eleição
fosse agora, mesmo no auge da popularidade de Lula.
Eu acho que é mais "recall" do
que verdadeira intenção de voto,
mas o que eu acho é irrelevante.
Relevante, do ponto de vista dos
candidatos presumíveis, é saber como manter esse índice (ou melhorá-lo), no lado da oposição, e como
aproximar bem mais o prestígio de
Lula da intenção de voto em Dilma
Rousseff.
crossi@uol.com.br
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