São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Aborto
"No caso da liminar sobre aborto em caso de anencefalia do feto, penso que o procurador-geral da República esteja deixando que suas convicções religiosas se sobreponham aos seus deveres. É lamentável que o senhor Claudio Fonteles, ao criticar a liminar do ministro Marco Aurélio de Mello, diga que esta viola o direito à vida. É preciso lembrar ao procurador-geral que suas convicções religiosas, ainda que respeitáveis, não podem nem devem ser colocadas acima do debate jurídico, que deve observar que o Brasil é um Estado laico."
Jacira Vieira de Melo (São Paulo, SP)

"A medicina ampara suas concepções nas mais profundas e cuidadosas pesquisas científicas. Inúmeras evidências permitem, assim, afirmar que os fetos anencefálicos não têm nenhuma chance de sobrevivência fora do útero materno. A infelicidade de gerar uma criança nessas condições já é suficientemente torturante para a mãe e o pai. É muita generosidade por parte do STF autorizar que não se prolongue essa tortura, permitindo o aborto nessas condições. Parabéns ao Supremo."
João Baptista Laurito Júnior, professor de bioética e de ética médica e membro do Nubem - Núcleo de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Campinas, SP)

"Ainda em relação à polêmica liminar sobre interrupção da gravidez em caso de anencefalia, gostaria de lembrar aos que se opõem à medida do ministro Marco Aurélio de Mello que aquilo que o Estado não proíbe, não significa que ele obrigue. Sendo assim, aqueles que são contrários a essa prática, não estarão obrigados a ela e poderão agir de acordo com suas consciências ou crenças. O que não é aceitável é que um determinado grupo da sociedade queira impor suas convicções morais e religiosas à toda a coletividade como verdades absolutas e inquestionáveis."
Sonia Winter (Joinville, SC)

Pangaré
"O ministro Patrus Ananias adere ao metaforismo lulístico: "Lula é um jóquei bom de chegada". Claro que é! Muito bom mesmo! Chegou com folga ao poder. O problema é que ele é ruim de arrancada. Até agora não deslanchou, e o país nunca teve um governo tão "pangaré"."
Orestes Nigro (São Paulo, SP)

Ajuda divina
"Lendo a reportagem sobre o aumento patrimonial de 316% do candidato a vice-prefeito de José Serra, (Brasil, 7/7), não posso deixar de observar como algumas pessoas têm sorte nessa vida e outras não. É uma pena que as coisas não andem da mesma forma para todo mundo. Enfim, é como diz um tio meu: "Que Deus os ajude e não se esqueça de mim"."
Luiz Carlos Calsavara (São José do Rio Preto, SP)

Impostos e taxas
"É interessante o governo brasileiro não concordar com as altas taxas que o governo argentino está colocando sobre os produtos de linha branca brasileiros. Isso é exatamente o que o senhor Lula faz com outros países e com o seu próprio povo. Afinal, a carga tributária de mais de 40% que existe aqui é a maior que um país pode ter. Parabenizo o governo argentino, que está querendo melhorar o seu país e gerar empregos, algo muito diferente do que faz o turista Lula aqui no Brasil."
Luiz Claudio Zabatiero (Campinas, SP)

Avião presidencial
"Não concordo com a compra do avião presidencial, haja vista as inúmeras urgências por que nossa sociedade clama. Porém, penso que um dia ele teria de ser comprado. Imagino que, sob um governo tucano, esta Folha seria menos demagógica. O destaque dado ao assunto é enorme, e a intenção de polemizar idem. Foto em destaque na capa?! O avião não é do presidente Lula, e sim da Presidência da República. Independentemente de quem venha a ocupar o Planalto, o tal avião servirá a todos."
Cristiano Toledo (São Caetano do Sul, SP)

Nabokov
"O artigo "Revivendo os vivos", de Richard Rorty (Mais!, 4/7), é uma análise tão preciosa e brilhante da obra-prima "Fogo Pálido", de Vladimir Nabokov, e revela com tanta perspicácia algumas das artimanhas da prodigiosa cartola do mago Nabokov que, lembrando-me da tradição futebolística, segundo a qual um gol excepcionalmente belo deveria provocar no torcedor a reverência de voltar à bilheteria e comprar um novo ingresso, senti a tentação de ir à banca e adquirir outro exemplar."
Raul Drewnick (São Paulo, SP)

Sem opções
"O nobre presidente Lula, com toda a sua inteligência, não entende por que as pessoas pagam os altos juros dos cartões de crédito. Mas será que essas pessoas têm outra opção? É a mesma coisa que perguntar hoje porque elas votaram no Lula: tinham outra opção?"
Antonio José G. Marques (São Paulo, SP)


"Ao nos dar a receita sobre os juros dos cartões de crédito, por que Lula não se coloca como exemplo? Por que não corta as despesas do Palácio do Planalto com cartões de crédito -que, no ano passado, superaram R$ 5 milhões? A nação certamente ficaria grata."
Odilon O. Santos (Marília, SP)

Homossexualismo
"O pastor Carlos Osmar Trapp citou o Levíticos em sua carta ao "Painel do Leitor" de 6/7. Isso me deu um grande incentivo para ler a Bíblia. Mas fiquei com algumas dúvidas. Em Levíticos 11:10, por exemplo, diz-se que comer moluscos é uma abominação. Mas quem será mais abominável, aquele que come moluscos ou quem é homossexual (Lv. 18:22)? Ainda no mesmo livro, em 25:44, diz-se que é permitido ter escravos, desde que comprados de nações vizinhas. Isso quer dizer que podemos ter escravos argentinos, paraguaios, colombianos etc., mas não chilenos ou equatorianos? Ainda sobre escravos, Êxodos 21:7 me dá a permissão de vender minha filha como escrava. Quanto será que um pai conseguiria por uma filha solteirona e desempregada hoje em dia? Afinal, é melhor vendê-la como escrava do que ter de sustentá-la pelo resto de vida, não? O mesmo livro, em 35:2, me diz que aquele que trabalha aos sábados deve ser morto. Gostaria de saber como conciliar a exigência do Livro Sagrado com o Código Penal atual. E o Código Penal também é um obstáculo para que eu possa matar aqueles que aparam a barba, o que é expressamente proibido segundo Levíticos 19:27. E é verdade, o sexo tem de ter função reprodutiva. Sem isso, seria o fim da civilização. Então, morte aos homossexuais, aos padres católicos (pois eles são seguramente celibatários), aos homens com disfunção eréctil sem dinheiro para o Viagra, às mulheres estéreis e às que têm mais de 50 anos, aos monges budistas, a todos, enfim, que não têm a capacidade de popular o mundo. Como é difícil seguir a palavra de Deus hoje em dia."
Beni Sutiak (São Paulo, SP)


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