São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Atenção tardia e modesta

É SEMPRE bom ver os EUA, a nação mais poderosa do mundo, alardeando multiplicar esforços para reduzir a pobreza na América Latina. Também é alvissareiro constatar que a retórica de Washington para a região já não seja a do "big stick" (porretão), mas inclua iniciativas para promover educação, saúde, microcrédito -uma agenda digna de organização não-governamental, como mostrou reportagem da Folha ontem.
Só que a "redescoberta" da América Latina pela Casa Branca chega com atraso, dá-se de forma reativa e não promete resultados muito vistosos.
Vem tarde porque George W. Bush já apresenta todos os sintomas de ter-se tornado aquilo que os americanos chamam de "lame duck" (pato manco), isto é, um presidente em final de mandato ao qual resta pouco poder.
No caso particular, a tibieza do mandatário é reforçada por um Congresso oposicionista, quando não abertamente hostil, e por índices de popularidade periclitantes. Diga-se em favor de Bush que, no início de seu primeiro mandato, ele até esboçou aumentar a atenção à América Latina, mas teve suas energias desviadas para o Oriente Médio após o 11 de Setembro.
A súbita ênfase na América Latina se segue a uma série de pesquisas mostrando o prestígio dos EUA na região em baixa -a imagem norte-americana só não é pior no Oriente Médio. Surge também como reação à inflamada retórica anti-Bush do presidente Hugo Chávez, que gosta de posar de mecenas regional.
O fato é que ajuda de Washington a todos os países da América Latina permanece em patamares ínfimos. Para o ano fiscal de 2008, Bush propôs um orçamento de US$ 1,5 bilhão. Israel sozinho recebeu US$ 2,62 bilhões em 2004. No mesmo ano, o Iraque ficou com US$ 18,4 bilhões.


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