|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Atenção tardia e modesta
É SEMPRE bom ver os EUA, a
nação mais poderosa do
mundo, alardeando multiplicar esforços para reduzir a pobreza na América Latina. Também é alvissareiro constatar que
a retórica de Washington para a
região já não seja a do "big stick"
(porretão), mas inclua iniciativas para promover educação,
saúde, microcrédito -uma agenda digna de organização não-governamental, como mostrou reportagem da Folha ontem.
Só que a "redescoberta" da
América Latina pela Casa Branca chega com atraso, dá-se de
forma reativa e não promete resultados muito vistosos.
Vem tarde porque George W.
Bush já apresenta todos os sintomas de ter-se tornado aquilo que
os americanos chamam de "lame
duck" (pato manco), isto é, um
presidente em final de mandato
ao qual resta pouco poder.
No caso particular, a tibieza do
mandatário é reforçada por um
Congresso oposicionista, quando não abertamente hostil, e por
índices de popularidade periclitantes. Diga-se em favor de Bush
que, no início de seu primeiro
mandato, ele até esboçou aumentar a atenção à América Latina, mas teve suas energias desviadas para o Oriente Médio
após o 11 de Setembro.
A súbita ênfase na América Latina se segue a uma série de pesquisas mostrando o prestígio dos
EUA na região em baixa -a imagem norte-americana só não é
pior no Oriente Médio. Surge
também como reação à inflamada retórica anti-Bush do presidente Hugo Chávez, que gosta de
posar de mecenas regional.
O fato é que ajuda de Washington a todos os países da América
Latina permanece em patamares ínfimos. Para o ano fiscal de
2008, Bush propôs um orçamento de US$ 1,5 bilhão. Israel sozinho recebeu US$ 2,62 bilhões
em 2004. No mesmo ano, o Iraque ficou com US$ 18,4 bilhões.
Texto Anterior: Editoriais: Esforço amazônico Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Flores, só para variar Índice
|