SÃO PAULO - Para não dizerem que nunca falo de flores, duas boas notícias: Francisco Luzón, diretor-geral do Grupo Santander para a América Latina, um economista que é sempre interessante ouvir, diz ao jornal espanhol "El País" que, pela primeira vez na história do subcontinente, as classes médias superarão as classes de renda mais baixa, se se confirmar o crescimento previsto para os próximos quatro anos. "Oito anos de crescimento sustentado (os quatro passados e os quatro próximos) fariam com que 60 milhões de lares estivessem configurando as classes médias da América Latina. Seria a primeira vez em que os lares de classe média superariam os de renda baixa, que somariam 56 milhões", diz.
Luzón não separa o Brasil do restante da América Latina, mas, por estas bandas, a classe média encolheu nos dez anos até 2006, passando de 45,6%, em 1996, para 40,6% em 2005. Mas cresceu de 2004 para 2005, conforme pesquisa de Waldir Quadros (Unicamp) de que já tratei neste espaço.
Também já tratei, mais de uma vez aliás, da importância não apenas socioeconômica mas também político-institucional que tem a classe média. Países com extensas classes médias tendem a ser mais estáveis em todos os sentidos e a ter mais chances de prosperar.
Se os cálculos de Luzón estiverem certos e se o crescimento se confirmar, é possível ter alguma esperança (sem exageros, que a classe média tampouco é santa) no futuro. Segunda boa notícia, na verdade uma surpresa, foi a incrível facilidade e rapidez com que consegui resolver um problema de pagamento atrasado de IPTU com a Prefeitura de São Paulo, sem precisar sair de casa.
Tudo com uma série de cliques na página da administração na internet. Até desconfiei de que nem tinha ainda voltado da Europa.

crossi@uol.com.br


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