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RUY CASTRO
Selva na sala de aula
RIO DE JANEIRO - Os casos de
barbáries praticadas por jovens
continuam a acontecer. E não apenas contra domésticas que eles confundem com prostitutas, mas contra professoras que eles sabem muito bem quem são.
Na quarta-feira última, em Macatuba (315 km de São Paulo), quatro
alunos do 3º grau aplicaram "superbonder" na cadeira da professora de
biologia para grudá-la quando se
sentasse. Além do constrangimento, a professora teve a roupa rasgada e sofreu severas escoriações de
pele no esforço para se livrar.
No mesmo dia, em Piraju (330
km de SP), outros dois alunos botaram fogo no carro da diretora de sua
escola. O carro estava na garagem
da casa dela. O incêndio foi contido
antes que se alastrasse pela casa,
mas o carro queimou por inteiro.
Por sorte a diretora não estava nele.
Um dia antes, em Dracena (645
km também de São Paulo), uma senhora de 67 anos, servente de uma
escola, teve os dois braços quebrados e ferimentos nos olhos ao ser
pisoteada pelos alunos assim que
abriu o portão dando acesso às salas
de aula. É de se perguntar se essa fúria dos jovens para entrar se explica
pela ânsia de aprender.
E, há cerca de 15 dias, numa escola em São Bernardo do Campo, no
ABC paulista, um menino de nove
anos bateu vários recordes. Ao ser
repreendido por uma professora,
correu para o banheiro e quis se
trancar. Quando a mestra tentou
falar com ele pelo vão da porta, ele
fechou a porta com força sobre a
mão da professora e decepou-lhe a
ponta do dedo indicador, que caiu
ao chão. Na véspera, o mesmo aluno
batera em um colega. Sua mãe foi
chamada para buscá-lo, e ele a agrediu também. A vice-diretora tentou
intervir, e ele atingiu seu rosto com
uma cabeçada.
Precisamos descobrir o que nossas crianças têm contra suas professoras -ou contra nós.
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