São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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RUY CASTRO

Selva na sala de aula

RIO DE JANEIRO - Os casos de barbáries praticadas por jovens continuam a acontecer. E não apenas contra domésticas que eles confundem com prostitutas, mas contra professoras que eles sabem muito bem quem são.
Na quarta-feira última, em Macatuba (315 km de São Paulo), quatro alunos do 3º grau aplicaram "superbonder" na cadeira da professora de biologia para grudá-la quando se sentasse. Além do constrangimento, a professora teve a roupa rasgada e sofreu severas escoriações de pele no esforço para se livrar.
No mesmo dia, em Piraju (330 km de SP), outros dois alunos botaram fogo no carro da diretora de sua escola. O carro estava na garagem da casa dela. O incêndio foi contido antes que se alastrasse pela casa, mas o carro queimou por inteiro. Por sorte a diretora não estava nele.
Um dia antes, em Dracena (645 km também de São Paulo), uma senhora de 67 anos, servente de uma escola, teve os dois braços quebrados e ferimentos nos olhos ao ser pisoteada pelos alunos assim que abriu o portão dando acesso às salas de aula. É de se perguntar se essa fúria dos jovens para entrar se explica pela ânsia de aprender.
E, há cerca de 15 dias, numa escola em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um menino de nove anos bateu vários recordes. Ao ser repreendido por uma professora, correu para o banheiro e quis se trancar. Quando a mestra tentou falar com ele pelo vão da porta, ele fechou a porta com força sobre a mão da professora e decepou-lhe a ponta do dedo indicador, que caiu ao chão. Na véspera, o mesmo aluno batera em um colega. Sua mãe foi chamada para buscá-lo, e ele a agrediu também. A vice-diretora tentou intervir, e ele atingiu seu rosto com uma cabeçada.
Precisamos descobrir o que nossas crianças têm contra suas professoras -ou contra nós.


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