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Editoriais
Adiamento global
A REUNIÃO do G8 no Japão
trouxe avanço infinitesimal nas negociações sobre
a mudança climática. Os países
ricos reconheceram finalmente
a necessidade de adotar metas de
redução dos gases do efeito estufa em 50% até 2050. Antes, o G8
só se comprometia a "considerar
seriamente" o objetivo.
A União Européia assume o
compromisso de cortar 20% até
2020 e conseguiu arrastar os
EUA para junto do restante do
G8. Em troca, o presidente Bush
fez vingar o princípio de que economias emergentes (como China, Índia e Brasil) também devem adotar metas. Bush sabotou
quanto pôde as negociações sobre clima, mas nesse aspecto a
ciência está de seu lado.
A meta "50% em 2050" é fisicamente inatingível sem os países emergentes. Em quatro décadas, eles responderão pela maior
parte das emissões. Mas contra-argumentam, com razão, que
62% do estoque de gases do efeito estufa na atmosfera foram
emitidos por países ricos.
Tal impasse tornou ainda mais
aguado outro comunicado conjunto, apresentado pelas 16
"principais economias". Nenhuma meta específica foi mencionada. Os emergentes exigem que
os ricos cortem algo entre 25% e
40% das emissões já em 2020.
É o caminho mais justo, embora pareça improvável que um novo acordo saia até dezembro de
2009, data-limite para substituir
o moribundo Protocolo de Kyoto. A lentidão do processo, porém, não é desculpa para adiar
providências. Já existe tecnologia para cortar de 10% a 20% das
emissões mundiais. Falta é
transferi-la e financiar a adoção.
No Brasil, quarto maior emissor do mundo, o caminho óbvio é
estabilizar o desmatamento na
Amazônia. Pelo menos dois terços de nossas emissões vêm dessa destruição inútil, contribuição
que o presidente Lula omitiu ao
falar do problema em Hokkaido.
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