São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2000


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MARCELO BERABA

O contra-ataque

RIO DE JANEIRO - Escrevi há duas semanas que está em curso uma campanha difusa, não organizada, sem comando conhecido, para desmoralizar e enfraquecer o Ministério Público Federal. Errei.
Na verdade, a campanha é aberta, vem se intensificando e é orquestrada a partir do comando do Planalto.
O governo se considera fortalecido com o depoimento do ex-ministro Eduardo Jorge no Congresso e com a divulgação da última pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias, que mostra que a popularidade do presidente da República melhorou: passou de 13% para 19%.
O objetivo principal da campanha é a intimidação e a paralisação dos trabalhos de investigação que o MP vem realizando. As ameaças e ataques cometidos pelo líder do governo no Congresso, Artur Virgílio Neto, e pelo advogado-geral da União, Gilmar Mendes, se inserem nessa campanha.
A própria entrevista do presidente, feita pela jornalista Míriam Leitão, pode ser lida nesse contexto de contra-ataque de um governo que se sente acuado por investigações que ainda não estão concluídas.
Embora não se refira em hora alguma ao Ministério Público, Fernando Henrique faz referência crítica, no seu estilo próprio de preferir as generalizações, "às instituições" que não estão funcionando.
A estratégia da campanha consiste em tentar desmoralizar o Ministério Público por meio de ataques ao procurador Luiz Francisco de Souza, que é sempre tratado de forma pejorativa e muitas vezes preconceituosa.
O caso Eduardo Jorge não está esclarecido. Há evidências de ações suas heterodoxas enquanto foi ministro e depois que deixou o governo.
O Congresso se esforça para limitar ao máximo o alcance das investigações sob sua competência. Parte da imprensa abdicou da responsabilidade de continuar apurando os fatos. Assim, o cerco ao Ministério Público e a seus procuradores fica mais fácil.


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