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São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

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DIPLOMACIA "GLOCAL"

A globalização é um processo inevitável e irreversível, complexo e arriscado, mas ainda assim influenciável. E nos últimos anos o "local" vem ganhando tal importância que uma nova palavra surgiu para designar o processo: glocalização.
Resta saber como se dá a combinação entre global e local sugerida pelo neologismo. Como fazer com que interesses nacionais tenham peso mesmo nas mais avançadas negociações impostas pela globalização?
A resposta vem do centro do império. Nos EUA, negociações comerciais internacionais são conduzidas sob a condição de permitir ao Congresso que afinal vete decisões tomadas pelo Executivo.
Para não inviabilizar os acordos nem transformar o parlamento em corpo diplomático, os norte-americanos constituíram a TPA ("trade promotion authority" ou autoridade para promover o comércio).
Na prática, quando o governo dos EUA obtém do Congresso essa autoridade, os diplomatas negociam ao mesmo tempo com países no exterior e com interesses domésticos. O poder global é viável apenas se o poder local participar das decisões.
No Brasil, o avanço na construção de uma estratégia semelhante começa com a aprovação de um projeto de lei do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) na Comissão Mista do Mercosul. A proposta será agora examinada pela Comissão de Relações Exteriores e pelo plenário do Senado.
Além do benefício de induzir uma participação maior dos parlamentares em temas de política externa, a TPA brasileira pode ser um instrumento estratégico para que o governo enfrente com mais legitimidade as pressões na Alca.
Se nem tudo o que é bom para os EUA é bom para o Brasil, nesse caso é melhor seguir os norte-americanos. A presença dos parlamentos em tratados entre Estados poderá a longo prazo servir como estímulo à democratização das relações internacionais, utopia que depende do fortalecimento da ordem "glocal".



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