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DIPLOMACIA "GLOCAL"
A globalização é um processo inevitável e irreversível, complexo e arriscado, mas ainda assim
influenciável. E nos últimos anos o
"local" vem ganhando tal importância que uma nova palavra surgiu para
designar o processo: glocalização.
Resta saber como se dá a combinação entre global e local sugerida pelo
neologismo. Como fazer com que
interesses nacionais tenham peso
mesmo nas mais avançadas negociações impostas pela globalização?
A resposta vem do centro do império. Nos EUA, negociações comerciais internacionais são conduzidas
sob a condição de permitir ao Congresso que afinal vete decisões tomadas pelo Executivo.
Para não inviabilizar os acordos
nem transformar o parlamento em
corpo diplomático, os norte-americanos constituíram a TPA ("trade
promotion authority" ou autoridade
para promover o comércio).
Na prática, quando o governo dos
EUA obtém do Congresso essa autoridade, os diplomatas negociam ao
mesmo tempo com países no exterior e com interesses domésticos. O
poder global é viável apenas se o poder local participar das decisões.
No Brasil, o avanço na construção
de uma estratégia semelhante começa com a aprovação de um projeto de
lei do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) na Comissão Mista do Mercosul.
A proposta será agora examinada pela Comissão de Relações Exteriores e
pelo plenário do Senado.
Além do benefício de induzir uma
participação maior dos parlamentares em temas de política externa, a
TPA brasileira pode ser um instrumento estratégico para que o governo enfrente com mais legitimidade
as pressões na Alca.
Se nem tudo o que é bom para os
EUA é bom para o Brasil, nesse caso
é melhor seguir os norte-americanos. A presença dos parlamentos em
tratados entre Estados poderá a longo prazo servir como estímulo à democratização das relações internacionais, utopia que depende do fortalecimento da ordem "glocal".
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