UOL




São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VINICIUS TORRES FREIRE

Ricos, pobres e intelectuais

SÃO PAULO - 1. Já faz um mês que intelectuais e alta burocracia estão na mídia a bradar palavras grandes e idéias curtas acerca de Previdência e "caos social". Acusam o governo de jogar "setores desorganizados" (os pobres) contra "setores organizados" (servidores), de aceitar a "baderna", o "desrespeito à propriedade", a "ante-sala da crise institucional".
Ideologia pura. Em nome da democracia, defendem suas aposentadorias e repressão além da conta dos sem-tudo. O criouléu miserável até agora não recebeu de Lula mais que a esmola marqueteira do Fome Zero. Mas as fábricas de carros ganharam R$ 340 milhões de dinheiro público a fim de passar um batom em seus balanços. Os intelectuais nem piam.
2. Os professores da USP Lourdes Sola, José Álvaro Moisés e Boris Fausto foram entrevistados pelo competente William Waack na GloboNews, na semana passada.
Fausto é tucano de cátedra. Moisés é tucano da boquinha, agregado do ex-ministro da Cultura Francisco Weffort -petistas históricos, se bandearam com vexaminosa rapidez para o FHC eleito em 1994.
Sola, Fausto e Moisés ensinavam pomposos o que é democracia e como os sem-tudo a ameaçam. Ilegalidade de pobre é sempre "ameaça institucional". A esquerda sempre quer "romper contratos". Mas quem lembra das bandalheiras varridas para debaixo do tapete nos anos tucanos, de empresas privatizadas caloteiras, rompedoras de contratos?
3. Discute-se com o FMI que investimento de estatal deixe de ser considerado despesa pública. Raul Velloso alerta que isso pode dar em farra com dinheiro público nas estatais. Está certo. Mas o público teve de colocar bilhões nos bancos privados picaretas falidos no governo FHC para que a economia não fosse à breca, a Eletropaulo dá calote em banco público, o BNDES banca privatizadas incompetentes. Quede os "intelectuais responsáveis"? Tudo dinheiro público, que poderia bancar pão, paz e terra para o criouléu miserável.
4. Está no Eclesiastes: "O número de insensatos é infinito, e os perversos dificultosamente se corrigem".



Texto Anterior: Editoriais: GORDOS EXAGEROS

Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Reformas intermináveis
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.