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VINICIUS TORRES FREIRE
Ricos, pobres e intelectuais
SÃO PAULO - 1. Já faz um mês que intelectuais e alta burocracia estão na
mídia a bradar palavras grandes e
idéias curtas acerca de Previdência e
"caos social". Acusam o governo de
jogar "setores desorganizados" (os
pobres) contra "setores organizados"
(servidores), de aceitar a "baderna",
o "desrespeito à propriedade", a "ante-sala da crise institucional".
Ideologia pura. Em nome da democracia, defendem suas aposentadorias e repressão além da conta dos
sem-tudo. O criouléu miserável até
agora não recebeu de Lula mais que
a esmola marqueteira do Fome Zero.
Mas as fábricas de carros ganharam
R$ 340 milhões de dinheiro público a
fim de passar um batom em seus balanços. Os intelectuais nem piam.
2. Os professores da USP Lourdes
Sola, José Álvaro Moisés e Boris Fausto foram entrevistados pelo competente William Waack na GloboNews,
na semana passada.
Fausto é tucano de cátedra. Moisés
é tucano da boquinha, agregado do
ex-ministro da Cultura Francisco
Weffort -petistas históricos, se bandearam com vexaminosa rapidez para o FHC eleito em 1994.
Sola, Fausto e Moisés ensinavam
pomposos o que é democracia e como
os sem-tudo a ameaçam. Ilegalidade
de pobre é sempre "ameaça institucional". A esquerda sempre quer
"romper contratos". Mas quem lembra das bandalheiras varridas para
debaixo do tapete nos anos tucanos,
de empresas privatizadas caloteiras,
rompedoras de contratos?
3. Discute-se com o FMI que investimento de estatal deixe de ser considerado despesa pública. Raul Velloso
alerta que isso pode dar em farra com
dinheiro público nas estatais. Está
certo. Mas o público teve de colocar
bilhões nos bancos privados picaretas
falidos no governo FHC para que a
economia não fosse à breca, a Eletropaulo dá calote em banco público, o
BNDES banca privatizadas incompetentes. Quede os "intelectuais responsáveis"? Tudo dinheiro público, que
poderia bancar pão, paz e terra para
o criouléu miserável.
4. Está no Eclesiastes: "O número de
insensatos é infinito, e os perversos
dificultosamente se corrigem".
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