São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Oito modos
"Ao ler o artigo do Frei Betto ("Oito jeitos de mudar o mundo", "Tendências/ Debates", 9/8), acredito que não exista quem não possa fazer um gesto na direção desses oito objetivos. Mas cabe principalmente a nós, a sociedade civil, lutar para que esses objetivos se tornem realidade. Fiquei triste ao lembrar que, na minha cidade, num único bairro, existem 20 adultos analfabetos precisando de um professor. Lecionando no curso de pedagogia cidadã na Unesp, convidei meus professores a participarem desse trabalho voluntário, mas fomos proibidos de iniciar o projeto "Quero Ler" por motivos políticos. Enquanto nossa sociedade gerar esse tipo de político, a cidadania e o interesse da população ficarão só no papel. O que estamos fazendo para mudar o mundo? Nada!"
Margareth Cristina Mendes (Aparecida, SP)

Campanha
"Não é verdadeira a informação contida no "Painel" (Brasil, pág. A4) de 9/8 de que "só não cai fora (da campanha de Luiza Erundina) porque agora é tarde demais". É pura desinformação. Fui o responsável pela apresentação da proposta de coligação do PMDB com o PSB, da deputada Erundina. Tenho participado da campanha da candidata, acompanhando-a nos eventos, e mobilizado as estruturas do PMDB. Portanto sou entusiasta de primeira hora da candidatura de Luiza Erundina, em cuja chapa tenho a honra de ser candidato a vice."
Michel Temer, deputado federal, presidente nacional do PMDB (São Paulo, SP)

Crimes hediondos
"Era só o que faltava. Não bastasse o nível de criminalidade e a crueldade da bandidagem em geral -e não é preciso relembrar os mais recentes casos que assustaram ainda mais a população-, vem o senhor ministro da Justiça propor a redução das penas para os crimes hediondos ("Ministro quer rever Lei de Crimes Hediondos", Cotidiano, pág. C4, 10/8). Fernandinho Beira-Mar e companhia devem estar morrendo... de rir."
Ricardo Freire (São Paulo, SP)

 

"Fiquei perplexo com as declarações do sr. ministro da Justiça, que veio a público defender penas menores para autores de crimes hediondos com a alegação de que penas maiores não estavam diminuindo a criminalidade. Com todo o respeito que tenho pelo sr. ministro por tudo aquilo que ele representa no cenário jurídico nacional, penso que, se fôssemos partir dessa premissa, deveríamos acabar com as creches, já que elas não resolvem os problemas e não há vagas para todas as crianças. Deveríamos também acabar com a escola pública, pois mais de 50% dos alunos chegam ao quinto ano escolar ainda analfabetos. O Brasil só vai começar a progredir no dia em que todas as autoridades que o governam descerem de seus luxuosos e confortáveis gabinetes e conhecerem a realidade das ruas."
Gilberto Ribeiro da Silva (São Paulo, SP)

Jornalismo
"Ricardo Kotscho, no artigo "Ao debate, caros colegas" ("Tendências/Debates", 10/8), afirma que o objetivo central da criação do Conselho Federal de Jornalismo é "defender a dignidade e a ética exigidas no exercício da profissão". Ocorre que essa deveria ser a função dos sindicatos e de suas comissões de ética se uns e outros não se tivessem burocratizado vergonhosamente. Em São Paulo, em fins dos anos 70, plena ditadura militar, o saudoso Perseu Abramo presidiu nossa primeira comissão de ética. De lá para cá, infelizmente, não houve evolução, ao contrário. Kotscho diz que 500 jornalistas aclamaram a decisão no congresso nacional da categoria, realizado há pouco em João Pessoa (PB). Certamente todos somos a favor do exercício digno dessa profissão, que atravessa no momento uma de suas piores crises trabalhistas. Entretanto fiscalizar o fim da "cadeia produtiva" é agir paliativamente. Devemos, sim, resgatar os sindicatos, que, com raríssimas e honrosas exceções, se transformaram em refúgios corporativos para elementos interessados em suas próprias carreiras políticas. E devemos também resgatar a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), para que volte a cumprir a sua missão original, esta sim, de defesa da categoria e do exercício profissional digno."
Elizabeth Lorenzotti, jornalista (São Paulo, SP)

Shell
"Em relação ao artigo "As empresas e o dever da transparência" ("Tendências/ Debates", 9/8), do senhor Hubert Alquéres, gostaria de esclarecer que a Shell Brasil continua a fornecer os dados do seu balanço, apesar de ser uma sociedade limitada, e não uma sociedade anônima -e não tem mais, portanto, a obrigação legal de fazê-lo. Os números da companhia são publicados no "Relatório Anual da Shell Brasil", que fica disponível na internet. Também atendemos freqüentemente solicitações de envio de balanço por parte de importantes publicações, como o próprio jornal "Valor Econômico", citado no artigo. Infelizmente, neste ano, o fechamento da pesquisa do "Valor" aconteceu antes que tivéssemos os dados consolidados da companhia referentes ao ano de 2003. Assim que foram fechados, eles foram enviados a uma série de publicações. A Shell também acredita que a transparência é um valor indispensável no relacionamento com a sociedade."
Ricardo David, assessoria de imprensa da Shell Brasil (Rio de Janeiro, RJ)

Voto
"Sobre carta de Amílcar Brunazo Filho ("Painel do Leitor" de ontem) que enfoca o problema do voto de legenda apenas nos seis deputados eleitos pelo "arrastão Enéas" em 2002, quero amplificar o tema dizendo que a amostragem colocada é pífia diante do resto da "deputança" de legenda. Dos 513 deputados atuais, apenas 33 -6,4% do total- se elegeram com a desejável votação própria, ou seja, 480 deputados, e não apenas os seis citados, estão lá por força do eufemístico e conveniente "coeficiente eleitoral". É por isso que vou às gargalhadas quando um ingênuo me ameaça com os fogos do inferno se eu não escolher o meu deputado direito ou quando me pedem para contatar o "meu" deputado."
Luiz Ribeiro Cordioli (São Carlos, SP)


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