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CONEXÃO TUCANA
As declarações do publicitário Marcos Valério à CPI, na terça-feira, trouxeram mais elementos
sobre a amplitude do esquema de repasses ilícitos coordenado por ele. Já
se sabia que o "valerioduto" data de
antes do governo petista, tendo sido
utilizado por políticos do PSDB e do
PFL mineiros. Agora, Valério apresentou uma lista com 75 nomes ligados aos tucanos que teriam sido beneficiados em 1998, durante a campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo. De acordo com o depoente, o total de empréstimos para o candidato,
que hoje ocupa a presidência do
PSDB, foi de R$ 9 milhões.
A circunstância das transferências
não é menos escusa. Valério afirmou
que obteve os empréstimos no Banco Rural a pedido de um intermediário de Clésio Andrade, ex-presidente
do PFL de Minas e candidato a vice-governador na chapa de Azeredo. E,
da mesma forma que fez com o PT,
apresentou como garantia para a
operação bancária um contrato de
publicidade -dessa vez, com a Secretaria de Comunicação de Minas
Gerais. Um outro detalhe chama a
atenção: antes de candidatar-se, Andrade foi sócio do publicitário na
agência SMPB.
O cenário se complica diante das
declarações de que, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, as
agências de Marcos Valério eram responsáveis pelas contas dos Correios,
da Eletronorte e dos ministérios dos
Transportes e do Trabalho. E piora
em face da evidência, revelada por esta Folha em novembro de 2000, de
que a SMPB fez doação de R$ 50 mil
não-declarados à campanha para a
reeleição de FHC em 1998.
Ao que tudo indica, o PT foi muito
além de usar recursos de caixa dois
para campanha -e isso não pode
ser perdido de vista pelas CPIs. Porém, mais do que "desviar o foco do
problema", como argumentam as lideranças do PSDB, aprofundar as investigações sobre os vínculos entre o
"valerioduto" e os demais partidos é
uma forma de entender sua verdadeira dimensão. Só então será possível
aplicar de modo equânime as punições cabíveis e conceber a profundidade das reformas que urge propor.
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