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CORTAR OS JUROS
Com as taxas de câmbio e de
juros em patamares insustentáveis, a inflação vai se aproximando
do objetivo estipulado pelo Banco
Central, de 5,1%, para este ano. Em
julho, o IPCA, índice que baliza as
metas perseguidas pelo BC, atingiu
0,25%. O resultado foi fruto de aumentos de preços localizados, principalmente nas tarifas de telefonia fixa e combustíveis. O primeiro item
respondeu por 60% do IPCA, com
elevação de 4,21%. Afora isso, de
uma maneira geral, houve queda ou
estabilidade no restante da cesta pesquisada pelo IBGE.
Segundo o instituto, a análise dos
índices anteriores e dos acumulados
demonstra o que já se percebia: a inflação desacelera. De janeiro a julho,
o IPCA chegou a 3,42%, um resultado bastante significativo -é o menor índice dos primeiros sete meses
de um ano desde 2000. Considerados os últimos 12 meses, a inflação
está em 6,57% -e não há previsão
de pressões relevantes.
O cenário, portanto, não justifica
de maneira nenhuma que o BC, mais
uma vez, adie o necessário corte da
taxa básica de juros, que daria início
a uma trajetória mais longa de redução. Diminuir os juros é um imperativo não apenas para estimular o setor produtivo mas também para minorar os impactos sobre as contas
públicas e o desequilíbrio cambial.
Com efeito, a atual cotação do dólar -que já caiu abaixo de R$ 2,30-
beira a irresponsabilidade. Embora
os resultados da balança comercial
se mantenham em níveis elevados,
isso se deve a aumentos de preços de
commodities exportadas pelo país e
ao cumprimento de antigos contratos. Com esse câmbio, não tardará a
generalizar-se o efeito negativo que
já se observa em alguns setores.
Além disso, a história já mostrou
os estragos que um real artificialmente valorizado pode produzir na
economia É mais do que hora, portanto, de o BC abandonar seu imobilismo e fazer o que já deveria ter feito
-cortar a taxa básica de juros.
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