São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CORTAR OS JUROS

Com as taxas de câmbio e de juros em patamares insustentáveis, a inflação vai se aproximando do objetivo estipulado pelo Banco Central, de 5,1%, para este ano. Em julho, o IPCA, índice que baliza as metas perseguidas pelo BC, atingiu 0,25%. O resultado foi fruto de aumentos de preços localizados, principalmente nas tarifas de telefonia fixa e combustíveis. O primeiro item respondeu por 60% do IPCA, com elevação de 4,21%. Afora isso, de uma maneira geral, houve queda ou estabilidade no restante da cesta pesquisada pelo IBGE.
Segundo o instituto, a análise dos índices anteriores e dos acumulados demonstra o que já se percebia: a inflação desacelera. De janeiro a julho, o IPCA chegou a 3,42%, um resultado bastante significativo -é o menor índice dos primeiros sete meses de um ano desde 2000. Considerados os últimos 12 meses, a inflação está em 6,57% -e não há previsão de pressões relevantes.
O cenário, portanto, não justifica de maneira nenhuma que o BC, mais uma vez, adie o necessário corte da taxa básica de juros, que daria início a uma trajetória mais longa de redução. Diminuir os juros é um imperativo não apenas para estimular o setor produtivo mas também para minorar os impactos sobre as contas públicas e o desequilíbrio cambial.
Com efeito, a atual cotação do dólar -que já caiu abaixo de R$ 2,30- beira a irresponsabilidade. Embora os resultados da balança comercial se mantenham em níveis elevados, isso se deve a aumentos de preços de commodities exportadas pelo país e ao cumprimento de antigos contratos. Com esse câmbio, não tardará a generalizar-se o efeito negativo que já se observa em alguns setores.
Além disso, a história já mostrou os estragos que um real artificialmente valorizado pode produzir na economia É mais do que hora, portanto, de o BC abandonar seu imobilismo e fazer o que já deveria ter feito -cortar a taxa básica de juros.


Texto Anterior: Editoriais: CONEXÃO TUCANA
Próximo Texto: Editoriais: SAÚDE EM RISCO

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.