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CARLOS HEITOR CONY
Caras & bocas
RIO DE JANEIRO - Apesar dos
esforços da mídia, pelo menos até
agora não houve a mobilização popular, tampouco apareceram os caras-pintadas para exigir moralidade e compostura no Senado Federal. Grupos esparsos e irrisórios
aparecem nos jornais e nas TVs,
mas nada que faça lembrar a onda
que acabou provocando o impedimento de Collor -por sinal, novamente na berlinda, por conta de um
olhar que assustou o Pedro Simon e
mostrou que o ex-presidente veio
para ficar.
Os entendidos, que também sempre aparecem nessas horas, explicam que no caso anterior houve a
militância do PT, com decantada
eficiência em lances de rua. Desta
vez, o partido do governo, além de
rachado, tem interesse direto na
questão. Tanto Sarney como Renan
e Collor, os icebergs da crise, são
agora aliados de Lula e pretensos
aliados, no futuro, da candidatura
de Dilma Rousseff.
Nota-se, nas poucas fotos dos novos e minguados caras-pintadas, o
esforço de uma produção para fotos
que a mídia escassamente divulga,
tentando animar o movimento,
provando que ela, a mídia, é o poder
supremo que norteia a sociedade e
estabelece a pauta da vida nacional.
A verdade, pelo menos até esta
metade de agosto, é que todos lamentam e se entristecem com o que
houve e está havendo no Senado,
mas nem mesmo o Cristovam
Buarque levou adiante a ideia do
plebiscito sobre o fechamento daquela casa legislativa. Mas a plebe
rude, vale dizer, o povo em sua
maioria, não embarcou ainda no
tsunami moralista que basicamente é de setores da classe média, a
mais influenciada pela mídia.
Bem ou mal, de uma forma ou de
outra, as coisas se arrumarão no Senado e na opinião pública, mostrando que a classe política é hábil em
fazer pizzas. E as demais classes entram com a boca para devorá-las.
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