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CESAR MAIA
Internet eleitoral
A maior frustração dessas
eleições é a relação entre o uso
da internet e as decisões de voto. Pelo menos até aqui. Até a
pré-campanha, a expectativa
era muito grande. A referência
sempre reiterada era a eleição
de Obama.
As principais candidaturas
presidenciais se apetrecharam para isso. Dilma e Marina
passaram a "tuitar". Foram
contratadas equipes para
montar sites, blogs, entrar em
redes sociais... A primeira baixa foi na coordenação da equipe de internet de Dilma.
O que a campanha esperava
da equipe era um bom comportamento, sem criar espuma nem novidade. Mas isso
contraria a lógica da internet.
Desfez-se a equipe e sacrificou-se a lógica. A campanha
de Marina na internet é imperceptível. Serra contratou uma
equipe que vem procurando
abrir espaços com redes, videoentrevistas etc... Porém,
talvez pela sensação de riscos
em contrariar a linha da campanha presidencial, ainda não
despertou curiosidade da imprensa e dos internautas.
Por que isso vem ocorrendo? Os analistas se debruçarão no tema após as eleições.
Mas se podem adiantar algumas hipóteses. A primeira é
quanto ao próprio entendimento da internet em campanhas eleitorais.
Cada internauta é produtor
de conteúdo, independentemente do impacto que produza. É assim que entra e participa. Tem a expectativa de que
seus contatos sejam interativos, seja por iniciativa do
emissor, seja por iniciativa do
receptor.
À medida que os políticos
-ou as equipes montadas só
para a campanha- deixam de
entender a lógica da interação, passam a pensar e a usar
a internet como um meio de
comunicação tradicional. Ou
seja: pensa-se como emissor
permanente e imaginam-se os
receptores como passivos, que
apenas recebem e digerem essas informações. À medida
que o internauta-eleitor se
sente como objeto, deixa de
usar esse canal.
Uma segunda hipótese, que
se agrega à primeira, é o centralismo das campanhas eleitorais em torno do candidato,
de seu publicitário-chefe e de
seu assessor de imprensa direto. Não entendem e -por isso
mesmo- não dão atenção à
internet -e ainda reprimem
suas equipes, com temor de
saírem da linha e produzirem
desgaste à campanha.
Finalmente, a visão distorcida de que a internet se presta
mesmo a propaganda negativa. E aí vêm as redes de críticas, informações exageradas e
baixarias. Quando um vídeo
no Youtube consegue sucesso, é como se esse fosse o resultado. E disso pouco resulta
além do entusiasmo.
Faltam três semanas. Não
dá mais tempo para corrigir.
Perdeu-se essa campanha para desenvolver o uso da internet em política no Brasil.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta
coluna.
cesar.maia@uol.com.br
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