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ABERTURA HISTÓRICA
É histórica a decisão da União
Européia de expandir-se para o
leste, permitindo a inclusão de dez
novos membros. A partir de 2004,
poderão pertencer efetivamente à
UE: Polônia, Hungria, República
Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Lituânia, Letônia, Estônia, Malta e Chipre.
Do ponto de vista político, a integração é menos problemática do que
no terreno econômico. Passados 13
anos da queda do Muro de Berlim e
11 do colapso da União Soviética, os
países do Leste Europeu agora candidatos a membros da UE se tornaram
democracias relativamente estáveis.
Não haveria maiores dificuldades para integrá-los às estruturas de poder
da união, como a Comissão Européia, o Parlamento Europeu e até a
Presidência rotativa.
Na economia as coisas são bem diferentes, principalmente para os países de maior peso, como a Polônia e
a Hungria. A UE nem cogita de integrá-los já. Como lembrou o jornal
francês "Le Monde", "eles são dez,
são pobres e possuem uma grande
população agrícola". A idéia é que a
convergência econômica ocorra lentamente. Pode-se prever um período
de vários anos antes que todos os novos membros tenham condições de
entrar na zona do euro, por exemplo.
A UE parece disposta a recolher já
os bônus geopolíticos da expansão,
mas menos ávida para pagar por
seus custos. A Alemanha, que é a
principal financiadora da união, enfrenta uma série de dificuldades domésticas e já não está disposta a arcar
com tantos dispêndios. Os fundos
estruturais, que a UE destina aos
membros mais atrasados, deverão
ser revistos. A Política Agrícola Comum também, o que em longo prazo tende a ser bom para o Brasil.
O risco é o de que a expansão acabe
criando uma UE com países de primeira e de segunda classes. Se isso é
inevitável num primeiro momento, é
desejável que não se torne algo permanente. Para o bem e para o mal, a
UE é o que de mais próximo o mundo tem como alternativa à hegemonia norte-americana.
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