São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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CLAUDIA ANTUNES

Luz no fim do túnel

RIO DE JANEIRO - É quase automático, no Rio, relacionar a violência e os surtos de banditismo com o veredicto eleitoral. Foi assim quando Benedita da Silva (PT) foi derrotada por Cesar Maia (então no PMDB) na disputa pela prefeitura em 1992, depois de uma onda de arrastões nas praias da zona sul. Foi assim quando Moreira Franco (PMDB), prometendo acabar com a violência em seis meses, venceu Darcy Ribeiro (PDT) na eleição para o governo do Estado, em 1986.
Essa relação persiste, mas tem nuances novas. Do fundo das urnas de 2002, surge a esperança de que o entendimento do eleitor em relação ao combate à criminalidade esteja um pouco mais sofisticado.
Na vitória de Rosinha Garotinho (PSB), não esteve em questão a violência no Estado. Ela elegeu-se no primeiro turno graças aos votos do interior e da Baixada, onde semeou vasto eleitorado com os programas assistenciais que implantou como secretária de Ação Social. Foi beneficiada por ter deixado o cargo em abril, livrando-se, com o marido, do desgaste de administrar um Orçamento cujas despesas haviam sido levianamente aumentadas.
A candidatura da governadora Benedita da Silva foi, em parte, minada pela criminalidade. A sete dias da votação, ameaças e boatos fecharam o comércio em dezenas de bairros. Mesmo assim, na capital, área mais afetada pelo terror do tráfico, ela teve 30% dos votos, o que a levaria a um segundo turno contra Rosinha, com 38%. Em crises sucessivas, sua equipe convenceu setores mais escolarizados de que tentava agir com seriedade contra o crime organizado.
No entanto foi na votação de Solange Amaral (PFL), candidata do prefeito Cesar Maia, que ficou patente o envelhecimento do discurso que explora a insegurança com irresponsabilidade. O programa de Solange na TV dedicou-se a martelar a suposta falta de pulso firme de Benedita e de Rosinha. Maia chegou a defender que se matassem "500 mil", se isso fosse necessário, para pôr fim à violência. A pefelista teve 14% dos votos da capital, 9% no Estado.


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