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ESCOLA E MERCADO
A interpretação dos dados
do Censo Escolar de 2004 indica que os alunos da educação básica
estão procurando fórmulas para
conseguir seus certificados de conclusão o mais rapidamente possível e
entrar no mercado de trabalho o
quanto antes. Essa disposição aparece nas estatísticas sob a forma de diminuição no ritmo de expansão do
ensino médio e de aumento da busca
por cursos supletivos.
Com efeito, o aumento de matrículas no ciclo médio foi de apenas 1%
em 2004 contra 4,1% em 2003. Já na
educação para jovens e adultos (EJA,
os cursos supletivos), o crescimento
verificado nas matrículas foi de
3,9%, chegando a 18% no segmento
do ensino médio. Também houve incremento na procura pelo ensino
técnico, que cresceu 6,7%.
Aqui é preciso distinguir entre a
formação e a titulação. Os alunos
que optam por cursos supletivos tendem a estar menos interessados no
aprendizado e mais nas portas profissionais que o diploma pode abrir.
As duas preocupações são legítimas,
e o Estado tem de procurar oferecer
respostas aos dois tipos de aluno.
Os estudantes interessados no diploma em geral fazem parte de uma
população um pouco mais velha,
que se atrasou nos estudos. Não faz
sentido vedar-lhes a chance de melhoria profissional pela falta do diploma de ensino fundamental e médio. Desde que atendam a qualificações, devem receber a titulação.
Já os interessados no aprendizado
precisam ter acesso a escolas públicas de qualidade, que levem o estudante a concorrer por vagas nas universidades oficiais em condições de
igualdade com os alunos das melhores escolas privadas. E a verdade é
que o ensino médio como existe hoje
não consegue responder a todos os
tipos de demanda. É preciso, portanto, criar centros públicos de excelência para que os bons alunos da rede
oficial não sejam tão prejudicados
pela diferença de poder econômico.
O que está em jogo é a democratização do ensino.
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