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CARLOS HEITOR CONY
O dossiê misterioso
RIO DE JANEIRO - Os jornais da
cidade de São Tomé das Três Lagoas receberam denúncia, de pessoa que pediu para não ser identificada, de que o prefeito comprara
um elefante por um milhão de reais
e pretendia aumentar a renda do
município com a exposição do elefante, uma vez que, num raio de 300
km, ninguém sabia como era ou podia ser um elefante.
A denúncia, embora anônima, tinha foros de verdade, pois havia
muitos intermediários na compra
do elefante. A câmara municipal
abriu uma CPI para apurar a transação mais do que suspeita, pois o
elefante seria a peça-chave da campanha eleitoral do prefeito para se
reeleger no ano seguinte.
Assessores do prefeito foram intimados a depor, e um deles admitiu que alguns vereadores da oposição também haviam participado
das comissões da compra do animal
por preço tão elevado. Seria um dinheiro que daria para todos.
As discussões foram tremendas,
os jornais diariamente apontavam
novos intermediários e um jornalista investigativo descobriu, guardando segredo da fonte, que o elefante custaria muito mais do que o
anunciado e que uma parte do pagamento seria feito em dólares de
origem obscura, provavelmente de
traficantes que operavam na região.
O prefeito negava tudo e prometia transparência em todos lances
da compra do elefante, insistindo
em garantir que um animal daquele
abria nova era na cultura e no turismo da cidade. No calor das discussões, quando todos discutiam o preço e condições da compra do elefante, descobriu-se que não havia elefante nenhum a ser comprado.
Os dois únicos existentes nas regiões vizinhas pertenciam ao jardim zoológico de Bendegó e, o outro, ao Gran Circo El Asombro de
Damasco, mas estava muito velho,
fora-lhe diagnosticado um câncer
no pâncreas.
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