São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

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CARLOS HEITOR CONY

O dossiê misterioso

RIO DE JANEIRO - Os jornais da cidade de São Tomé das Três Lagoas receberam denúncia, de pessoa que pediu para não ser identificada, de que o prefeito comprara um elefante por um milhão de reais e pretendia aumentar a renda do município com a exposição do elefante, uma vez que, num raio de 300 km, ninguém sabia como era ou podia ser um elefante.
A denúncia, embora anônima, tinha foros de verdade, pois havia muitos intermediários na compra do elefante. A câmara municipal abriu uma CPI para apurar a transação mais do que suspeita, pois o elefante seria a peça-chave da campanha eleitoral do prefeito para se reeleger no ano seguinte.
Assessores do prefeito foram intimados a depor, e um deles admitiu que alguns vereadores da oposição também haviam participado das comissões da compra do animal por preço tão elevado. Seria um dinheiro que daria para todos.
As discussões foram tremendas, os jornais diariamente apontavam novos intermediários e um jornalista investigativo descobriu, guardando segredo da fonte, que o elefante custaria muito mais do que o anunciado e que uma parte do pagamento seria feito em dólares de origem obscura, provavelmente de traficantes que operavam na região.
O prefeito negava tudo e prometia transparência em todos lances da compra do elefante, insistindo em garantir que um animal daquele abria nova era na cultura e no turismo da cidade. No calor das discussões, quando todos discutiam o preço e condições da compra do elefante, descobriu-se que não havia elefante nenhum a ser comprado.
Os dois únicos existentes nas regiões vizinhas pertenciam ao jardim zoológico de Bendegó e, o outro, ao Gran Circo El Asombro de Damasco, mas estava muito velho, fora-lhe diagnosticado um câncer no pâncreas.


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