São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2000

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PAINEL DO LEITOR

Lições
"O caos na apuração dos votos nos EUA reafirma duas verdades políticas: primeira, os EUA possuem instituições políticas estáveis, que não se abalam em razão de indefinição eleitoral; segunda, as raízes federalistas dos EUA são tão fortes que o vetusto Colégio Eleitoral ainda permanece. Fora isso, a comparação regozijante é irresistível: no Brasil as eleições municipais realizaram-se mediante urnas eletrônicas e o resultado da apuração ocorreu em algumas horas, inexistindo contestação; nos EUA, nas eleições presidenciais e para tantos outros mandatos, utilizaram a jurássica cédula manual, houve sérias acusações de fraude e a indecisão quanto ao resultado permanece por vários dias, quiçá até a reunião do Colégio Eleitoral. Quem diria, hoje o Brasil é a maior potência mundial em matéria de organização e apuração do voto, enquanto os EUA estão no "Terceiro Mundo" da urna..."
Márcio Medeiros Furtado (São Paulo, SP)

Sem credibilidade
"Os senadores, deputados e jornalistas estão fazendo o que podem para desmoralizar o importante instituto da CPI. O que vemos são nossos ilustres representantes, frequentemente despreparados para a função, transformando as sessões de investigação em palanque onde mentiras, meias-verdades e indícios são transformados em verdades absolutas, sendo, como tal, repassados à população pelos profissionais da imprensa. Não tenho nenhum motivo para nutrir simpatia ou admiração por Badan Palhares, Luxemburgo, Eurico Miranda e outras vítimas dessas CPIs, mas creio que eles, no mínimo, deveriam ter o direito a um julgamento justo, antes de serem "justiçados" pela "mídia"."
Isnaldo Piedade de Faria (Brasília, DF)

Solução de verdade
"Privatizações a toque de caixa e preço de banana e o novo horário de verão derrotaram o governo. A crise energética se corrige com hidrelétricas, e não mudando o ponteiro do relógio."
Paulo Ramos Derengoski (Lages, SC)

Diplomas
"O editorial "Tráfico de diplomas" (Opinião, 1º/11), publicado após os resultados do último exame da OAB-SP, detectou muito bem o problema que enfrentamos. Há algum tempo, Gilberto Dimenstein alertava para o fato de que infeliz é a nação que confunde esperteza com sabedoria. É exatamente isso o que está ocorrendo em relação à proliferação das verdadeiras "arapucas" de ensino criadas. Os espertalhões nem sequer avaliam os malefícios que estão a causar não apenas à juventude, mas também a toda a nação. Compete aos mestres alertarem seus alunos a respeito dos males dessa globalização econômica, estúpida e falaciosa, que estão nos impondo e mostrar que, com ela, veio a galope, dentre outras mazelas, a exclusão social, o hedonismo a qualquer preço, o individualismo e a competição desenfreados. É preciso parar e refletir: corremos tanto, fazemos tanta coisa, mas não o essencial, porque os moços não seguem a lição dada pelo grande jurista Goffredo Telles Júnior, em sua entrevista ao jornal "Juízes para a Democracia", nº 21 de jul/ set de 2000: "Por que não lutam contra a corrupção reinante, por que não vão às ruas, à praça pública, por que não param, não escrevem...para melhorar o que está errado?". O professor das Arcadas encantou os brasileiros nos idos de 1977... Os que ainda sonham e acreditam na força do Direito irão se lembrar!"
Ivete Aparecida Biral (São Caetano do Sul, SP)

Causa e efeito
"A foto do bebê Alan Figueiredo de Araújo (Cotidiano, 8/11) dormindo no chão deveria ser vista por todos os corruptos disfarçados de políticos deste país. Vê-se ali que o futuro (futuro?) de muitas crianças foi e continua sendo roubado. Quem sabe os corruptos pudessem refletir e descobrir que por trás da situação retratada na foto estão as obras superfaturadas e desnecessárias, os desvios de verbas, os "milagrosamente" ricos e que tudo isso não deixa sobrar recursos para investir em moradia, educação, saúde, enfim, em direitos que grande parte dos brasileiros não sabe que existem."
Suely Lopes Molina (Goiânia, GO)

MST e Folha
"A Folha vai fazer outra série de reportagens sobre a denúncia, encaminhada ao Ministério Público Federal, de que o diretor de sua Sucursal de Brasília -Josias de Sousa- utilizou dinheiro público, em forma de carro com motorista, para elaborar uma série de reportagens sobre o desvio de dinheiro pelo MST? O que tem a dizer este prestigioso jornal, principalmente depois de saber que sua "série de reportagens" desencadeou outra série de medidas repressivas contra o MST, tais como descredenciamento de cooperativas, cancelamento do Projeto Lumiar, demissão de técnicos, abertura de sindicância no Incra para apurar desvios de recursos e cobrança de "pedágio" de 3% dos assentados, abertura de inquérito pela PF etc? E o "ético" Josias de Sousa, que jogou no lixo sua imagem de bom jornalista, vai finalmente contar se o pagamento governamental beneficiou também os autores dos "depoimentos" e "denúncias" contra o MST? Que venha à tona a verdade, se é que este jornal tem realmente o rabo preso com o leitor!"
Maria Izabel Brunacci (Brasília, DF)

"Já elogiei Josias de Souza. Lembro que o considerei como sendo o melhor colunista da Folha. Inteligente, alegre, incisivo, audaz e mordaz, colocando sua pena sempre a serviço do povo. Não sei agora por que essa posição anti-MST, com demonstrações de total insensibilidade, minando um movimento sério e necessário."
Isnard Câmara de Oliveira (Bragança Paulista, SP)

Nota da Redação - A posição da Folha sobre o episódio está no editorial "A farsa do MST", na página ao lado.

Decisão judicial
"O ministro da Justiça José Gregori deveria ficar quieto em vez de criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal, que anulou a medida provisória que proibia o registro de armas. Além de saber que decisão judicial válida se cumpre e não se critica, deveria o ministro respeitar a Corte que, ao final, garante a validade da Constituição e dos direitos da cidadania."
Marcelo Pereira (São Paulo, SP)

Vida decidida
"No atônito caso das irmãs siamesas Jodie e Mary, embora com dificuldade de uma vida prolongada, é de deixar perplexo a intervenção da Justiça Britânica em suprimir a decisão dos pais sobre a separação das irmãs e, pior ainda, colocando de imediato em risco a vida de Jodie com a magarefe de Mary. Independentemente de posição religiosa, a Justiça inglesa regride muito ao usar uma vida para salvar outra: isso servirá também como uma jurisprudência no caso de clonagem para efeito de transplante de órgão ou na geração de fetos para o comércio de medula óssea etc. Depois reclamam da Justiça brasileira!"
Ricardo Fernandes Pereira (São Paulo, SP)

Apostas
"Mais uma vez, milhões de brasileiros correm às casas lotéricas para apostar na Mega Sena acumulada. Todos acreditam naquela "mega chance (a chamada "chance zero'). Vivemos num país onde alguns passam fome, outros comem demais, alguns não têm casa, outros têm casas demais, alguns são analfabetos, outros lêem e escrevem demais. É um país imenso, tem condições ambientais das mais favoráveis, gente criativa, honesta e bem-intencionada (e tudo mais, que todo mundo sabe), mas nós não acreditamos que ele possa mudar. Nós acreditamos mesmo é na "chance zero" da Mega Sena acumulada!"
Daniel de Almeida Frisina (Bauru,SP)



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