São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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CLÓVIS ROSSI

Dilma, Mantega e a repórter

SEUL - A lenda que se ouve na delegação brasileira que está em Seul é a de que a repórter Catia Seabra, desta Folha, impediu a confirmação de Guido Mantega como ministro da Fazenda também da administração Dilma Rousseff .
A repórter viajou de São Paulo para Frankfurt em um dos únicos quatro assentos de primeira classe do voo da TAM, conforme seu delicioso relato na edição de ontem. Um assento estava vazio, e os dois outros, ocupados por Dilma e pelo ministro. A presença de Catia impediu que eles conversassem.
Mantega brinca: "Quando ela se levantou para fotografar a Dilma, pus dois tranquilizantes no copo de champanhe da Catia, que dormiu o resto da viagem e me deixou conversar com a presidente".
É brincadeira, mas até que poderia ser verdade, se se considerar que Mantega anunciou ontem (ou, mais precisamente, relembrou) decisões já tomadas pelo atual governo, com a chancela da futura presidenta, que valem para todo o período Dilma.
Será pura ortodoxia, dado que o PAC 2 prevê um superavit fiscal primário (sem os juros) de 3,3% do PIB até 2014. Prevê também que a relação entre a dívida e o PIB se reduza dos atuais 41% para algo em torno de 30% e até um superavit fiscal nominal (após pagar os juros, portanto) no fim do período.
Inflação? "É questão de honra não descuidar dela", diz Mantega.
Juros? Para a redução dos juros, há agora espaço para diminuir o gasto público, "porque não existem os mesmos problemas de 2009/10" (anos em que a crise externa fez o governo ser, digamos, muito ativo).
Mantega fala ou não por Dilma? Não sei, mas, ao ser questionado sobre a concordância da eleita com as posições que o Brasil traz para a cúpula do G20, o ministro dá uma resposta que vale para todos os demais itens por ele citados: "Ela está absolutamente sintonizada com tudo o que está acontecendo".

crossi@uol.com.br


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