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KENNETH MAXWELL
Bush
O ex-presidente George W.
Bush reapareceu nesta semana. O lançamento de "Decision Points", seu livro de memórias, ocorreu em momento
bem calculado.
Barack Obama, seu sucessor, acabara de sofrer uma dolorosa derrota nas eleições de
meio de mandato presidencial. Além disso, Obama estava em viagem à Ásia. Com entrevistas nos EUA e à imprensa
internacional, Bush dominou
as notícias. Não surpreende
que não expresse arrependimento por coisa nenhuma. Ou
ao menos que expresse quase
nenhum arrependimento.
O mais importante é que defende o uso de "waterboarding" no interrogatório de terroristas islâmicos. O "waterboarding" faz com que o interrogado sinta uma sensação de
afogamento e era empregado
como método de interrogatório "forte" pela Agência Central de Inteligência (CIA).
Bush diz que autorizou pessoalmente o uso da técnica
contra Khalid Sheikh Mohammed, um dos responsáveis pelo planejamento dos ataques
às torres gêmeas do World
Trade Center, no 11 de Setembro de 2001. Bush diz que esse
recurso salvou vidas. "Meu
trabalho era proteger os Estados Unidos. E foi o que fiz".
Muita gente considera que o
"waterboarding" seja tortura.
Bush alega que a técnica permitiu que o país impedisse novos ataques terroristas depois
do 11 de Setembro, não apenas
em território norte-americano
mas em Londres. Bush diz que
seu uso ajudou a desbaratar
complôs para ataques ao aeroporto de Heathrow e ao Canary Wharf. Ele é muito elogioso quanto a Tony Blair, o
ex-primeiro-ministro britânico. Blair disse a Bush: "Eu topo. Se me custar o governo,
que seja".
O ex-presidente norte-americano disse ao editor do "Times", de Londres, que não se
incomoda muito com a opinião pública britânica. "Não
importa que percepção as pessoas tenham de mim na Inglaterra. (...) E, francamente, na
época isso tampouco importava em dados momentos".
Bush não se arrepende da
invasão ao Iraque. Lamenta o
fracasso em localizar armas de
destruição em massa, cuja suposta presença justificou a invasão. Admite que seu país estava despreparado para as
consequências. Diz que demorou a reagir ao furacão Katrina. Mas assume pleno crédito
por enviar reforços ao Iraque.
O problema para Bush, no
entanto, é que seu governo
terminou com o pior colapso
econômico desde a Grande
Depressão. E, a despeito da
guerra continuada no Afeganistão e de um novo reforço
nas tropas de ocupação, decidido por seu sucessor, o responsável pelos ataques do 11
Setembro, Osama bin Laden,
fundador da Al Qaeda, continua livre, escondido nas montanhas na fronteira entre Afeganistão e Paquistão e ainda
planejando ataques terroristas contra os EUA e seus aliados ocidentais.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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