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Gordura proibida
NUMA INICIATIVA inédita, a
Prefeitura de Nova York
decidiu proibir a utilização de gordura trans nos restaurantes da cidade. Até julho de
2007, os estabelecimentos terão
de eliminar de sua lista de ingredientes óleos, margarinas e fermentos que contenham mais de
meio grama da substância por
porção. Um ano depois, o veto se
estenderá a todos os produtos
que excedam esse limite.
As gorduras trans são os novos
vilões da alimentação. Formadas
principalmente no processo de
hidrogenação industrial, estão
presentes em alimentos como
sorvetes, salgadinhos, bolos e
biscoitos e algumas frituras.
Em princípio, não cabe às autoridades decidir o que os cidadãos podem ou não comer. Compete-lhes informar e orientar. O
caso das gorduras trans, porém,
tende a ser mais complexo.
O organismo humano não tem
nenhuma necessidade de gorduras trans, relativamente raras na
natureza. Seu consumo tende a
elevar os níveis do mau colesterol (LDL) e reduzir os do bom
(HDL). Ingerir mais de 2 g diários é hábito que favorece o infarto e outras moléstias associadas ao metabolismo de lipídios.
Reduzir drasticamente a quantidade de gorduras trans na dieta
não é em tese muito difícil. Elas
podem ser substituídas por outros tipos de gordura sem prejuízo de sabor ou consistência. Pelo
menos no início, pode haver uma
elevação de custos. Se há alguém,
entretanto, que pode arcar com
isso, são os freqüentadores de
restaurantes em Nova York.
Nesse caso, portanto, o grau de
ingerência indevida das autoridades nova-iorquinas na vida do
cidadão é mínimo. Será plenamente compensado se da medida resultarem ganhos palpáveis
para a saúde pública. A conferir.
Para nós brasileiros, que já exigimos a discriminação da quantidade de gordura trans presente
em alimentos industrializados, a
iniciativa nova-iorquina pode
ser útil ao induzir a indústria alimentícia a criar alternativas
boas e baratas a essa substância.
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