São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

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Gordura proibida

NUMA INICIATIVA inédita, a Prefeitura de Nova York decidiu proibir a utilização de gordura trans nos restaurantes da cidade. Até julho de 2007, os estabelecimentos terão de eliminar de sua lista de ingredientes óleos, margarinas e fermentos que contenham mais de meio grama da substância por porção. Um ano depois, o veto se estenderá a todos os produtos que excedam esse limite.
As gorduras trans são os novos vilões da alimentação. Formadas principalmente no processo de hidrogenação industrial, estão presentes em alimentos como sorvetes, salgadinhos, bolos e biscoitos e algumas frituras.
Em princípio, não cabe às autoridades decidir o que os cidadãos podem ou não comer. Compete-lhes informar e orientar. O caso das gorduras trans, porém, tende a ser mais complexo.
O organismo humano não tem nenhuma necessidade de gorduras trans, relativamente raras na natureza. Seu consumo tende a elevar os níveis do mau colesterol (LDL) e reduzir os do bom (HDL). Ingerir mais de 2 g diários é hábito que favorece o infarto e outras moléstias associadas ao metabolismo de lipídios.
Reduzir drasticamente a quantidade de gorduras trans na dieta não é em tese muito difícil. Elas podem ser substituídas por outros tipos de gordura sem prejuízo de sabor ou consistência. Pelo menos no início, pode haver uma elevação de custos. Se há alguém, entretanto, que pode arcar com isso, são os freqüentadores de restaurantes em Nova York.
Nesse caso, portanto, o grau de ingerência indevida das autoridades nova-iorquinas na vida do cidadão é mínimo. Será plenamente compensado se da medida resultarem ganhos palpáveis para a saúde pública. A conferir.
Para nós brasileiros, que já exigimos a discriminação da quantidade de gordura trans presente em alimentos industrializados, a iniciativa nova-iorquina pode ser útil ao induzir a indústria alimentícia a criar alternativas boas e baratas a essa substância.


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