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ELIANE CANTANHÊDE
Dia de cão
BRASÍLIA - Ontem foi um dia de
cão em Brasília, começando pela
economia, passando pela política,
resvalando no Judiciário e atingindo até o bom senso na área mais falada no mundo neste momento: o
meio ambiente.
Não bastasse o resultado do PIB
do 3º trimestre, menor que os 2%
previstos pelo governo, o que já é
um tranco de bom tamanho, houve
uma sucessão de decisões, anúncios
e gastos que não animam ninguém,
muito menos são um bom presente
às vésperas do Natal do brasileiro.
Na Câmara dos Deputados, fica-se sabendo que foram necessários
três minutos para aprovar um aumento médio de 15% dos funcionários, aumentando a folha de pagamento na bagatela de uns R$ 400
milhões ao ano.
Na crise do panetone, o governador José Roberto Arruda se desfilia
do DEM na véspera de ser expulso e
por puro cálculo político. Em vez de
mea culpa, trata-se de uma nítida
tentativa de evitar a expulsão e de
manter-se vivo no governo agora e
na política depois.
No Supremo, por seis a três, os
ministros decidem manter a censura ao jornal "O Estado de S. Paulo",
impedido de publicar reportagens
sobre a operação Boi Barrica, da PF,
que pega de jeito os Sarney. A Corte
alega erros técnicos para a decisão.
Com certeza tem lá suas razões,
mas o difícil é explicar para a opinião pública, seca por transparência e liberdade. "Censura" é uma
palavrinha difícil de engolir.
Em meio a tudo isso, lá vem a
competente repórter Marta Salomon descobrir o projeto do governo
para suspender a cobrança das multas aos desmatadores que passarem
a fazer o que tinham de ter feito
sempre: cumprir a lei. Além de esdrúxula, a decisão é sobretudo inoportuna. Copenhague corre para
um lado, o Brasil, para o outro. Ou o
discurso é um, e a prática, outra.
Quanto ao palavrão falado em
bom e alto som pelo presidente da
República? Sem comentários.
elianec@uol.com.br
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