São Paulo, sexta, 11 de dezembro de 1998

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PAINEL DO LEITOR

"Pai Nosso' econômico

"Aproveitando a charge de 5/12 (pág. 1-2, Opinião), completo a oração que nossos comandantes da área econômica deveriam fazer pela manhã:
"Pai nosso, que estais em Washington, santificados sejam vossos dólares. Venha a nós o mais rapidamente possível, depois sejam feitas vossas vontades, assim como na América, na Ásia, na África etc.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores, os latifundiários, banqueiros etc.
Não nos deixeis cair em recessão e livrai-nos de todos os males, e mais ainda da inflação. Amém."'
Pedro Paulo Lepinsk (Indaiatuba, SP)


Economia?

"Depois de muitos estudos, descobri para que serve o horário de verão: com a economia, compensamos os gastos com enfeites quilométricos de lâmpadas natalinas vindas da China."
Ubiratã Indio da Mata Mello (Nova Granada, SP)


Triste memória

"Lembro-me de quando era pequeno. Meu avô deixou de trabalhar porque já era velhinho e teve de ir vender banana na rua para sobreviver, porque naquele tempo o trabalhador não tinha direito a nada. Depois de muitas décadas de lutas, o trabalhador conseguiu algumas vitórias.
Agora um governo que se diz neoliberal, unido ao PFL, está, em apenas quatro anos, conseguindo acabar com quase todas essas pequenas vitórias dos trabalhadores."
Roque Goldoni (Florianópolis, SC)


Falta de segurança

"Quando li a reportagem sobre Concilda, ex-funcionária do Ministério da Saúde, pensei: "Meu Deus, como é fácil se aproximar de um presidente da República neste país'. Espero que a segurança presidencial avalie melhor sua posição e tome os cuidados mínimos na segurança do mandatário da nação."
Atílio Antonio Zonta (Blumenau, SC)


Crítica à imprensa

"Baseados no conceito "Os governos passam e a imprensa permanece', os jornais, as revistas, o rádio e a TV inflacionam as crises para vender o seu peixe e aumentar os lucros. Publicam denúncias como se elas caíssem do céu, tiram o corpo e posam de intocáveis acima de quaisquer suspeitas.
Abusam tanto do direito de informar quanto do de deformar. Até certo ponto, a grande imprensa não tem pátria.
Na política, jogam Pitta contra Maluf, Garotinho contra Brizola, Itamar contra FHC, tudo para gerar notícias. Escondem o lado caudilhesco de Fidel Castro para melhor poder atacar Pinochet. Fazem questão de ignorar o lado bom da revolução de 31 de março no intuito de valorizar a licenciosidade que campeia numa democracia e disso tirar proveito.
Todos concordamos que democracia é muito melhor do que ditadura. Intolerável é conviver com a libertinagem cometida em nome da democracia."
Jair Ribeiro da Silva (Poços de Caldas, MG)

Arrecadação falha

"Recentemente, a Secretaria da Receita Federal, cruzando informações extraídas da CPMF com o Imposto de Renda, verificou que quase 50% daqueles que deveriam pagar este imposto não o fazem. Segundo, ainda, a Receita, grande parcela dos que não pagam não o faz porque tem o privilégio da isenção.
Isso, num cálculo aritmético bem grosseiro, significa que eu e todos os contribuintes estamos pagando o dobro do que deveríamos pagar de imposto, ou que o governo, sem aumentos, poderia arrecadar o dobro do que arrecada, para aplicar em saúde, educação e segurança."
Edmir Pelli (Aracaju, SE)


Biotecnologia

"Na reportagem "Biotecnologia busca futuro sem rejeições', publicada na pág. 1-24 (Mundo) de 6/12, sobre reunião recentemente ocorrida em Viena, o jornalista Marcelo Leite acusa o Greenpeace de "fundamentalista', por ser contrário à engenharia genética. Diz que os ambientalistas não têm "plano alternativo para alimentar o mundo' e que "enfrentam cada vez mais dificuldade para alardear os riscos (da engenharia genética), em face do acúmulo de dados contrários'.
Nós, do Greenpeace, baseamos nossa posição em trabalhos de cientistas de renome internacional como: Mae Wan-Ho, Christine von Weizsacker, Beatriz Tappeser, Miguel A. Altieri e a entidade de geneticistas Union of Concerned Scientists, UCC, nos EUA.
No Brasil, geneticistas como Glaci Zancan, vice-presidente da SBPC, ou Miguel Guerra, mesma entidade, vêm alertando a sociedade brasileira quanto aos perigos da liberação de plantas transgênicas no meio ambiente.
Acompanhamos as principais publicações científicas da área e não vimos absolutamente o "acúmulo de dados contrários' a riscos trazidos pela engenharia genética. Pelo contrário.
Um abaixo-assinado de médicos, endereçado à Novartis, transnacional produtora de um milho transgênico, está correndo a Europa. Os profissionais de saúde pedem que a empresa suspenda a introdução do cereal.
Finalmente, não conseguimos entender o que o jornalista Marcelo Leite quer dizer com um "plano alternativo para alimentar o mundo'!
Não existe praticamente nenhuma divergência na comunidade mundial de cientistas sociais, economistas e assistentes sociais quanto às causas da fome no mundo: ela se deve à má distribuição de renda, à ausência de políticas de segurança alimentar e à adoção de um modelo de agricultura não-sustentável, baseado no uso de agrotóxicos, fertilizantes e irrigação.
A engenharia genética não traz a sustentabilidade necessária à agricultura, apenas segue reproduzindo o modelo atual."
Marijane Lisboa, Greenpeace Brasil (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Marcelo Leite
- A Folha tem relatado com frequência os riscos aventados por cientistas e ambientalistas contrários à biotecnologia, como o surgimento de superervas daninhas e reações alérgicas em seres humanos. No entanto, tais riscos permanecem teóricos, pois a disseminação de culturas transgênicas não os tem verificado. O ônus da prova recai sobre o Greenpeace e seus correligionários, pois sem ela sua atitude só pode ser qualificada como fundamentalista.


TPM no "Jornal Nacional"

"A princípio achei que o "Jornal Nacional' estava sofrendo uma grave crise de falta de notícias ao colocar no ar durante três dias seguidos reportagem sobre a TPM (tensão pré-menstrual).
Mero engano!! Um determinado remédio que se propõe a combater o referido mal surgiu nada coincidentemente como anunciante do horário nobre do insuspeito jornal. Do campeão de audiência da Vênus Platinada o mínimo que se pode cobrar é um pouco de sutileza."
Silvana Moysés (Belo Horizonte, MG)



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