São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

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Editoriais

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Dramas humanitários

QUALQUER ação parece insuficiente diante da magnitude dos dramas humanitários recorrentes na África. A República Democrática do Congo é atualmente palco de alguns dos piores conflitos na região.
O país tem servido de refúgio para rebeldes de países vizinhos e, recentemente, mais de 400 pessoas morreram em razão de ações do LRA (Exército da Resistência do Senhor), envolvido há décadas em massacres. Esses ataques ocorreram após ofensiva dos Exércitos de Uganda, Sudão e Congo contra o grupo.
No Zimbábue, governado por Robert Mugabe -no poder desde 1980-, a situação política e econômica tem se deteriorado, levando à recente epidemia de cólera -que já se espalhou por todo o país e matou mais de 1.500 pessoas. O país tem a maior inflação do mundo (231.000.000% ao ano) e acaba de anunciar o lançamento da cédula de 50 bilhões de dólares zimbabuanos, suficientes para comprar duas baguetes de pão.
A esperada perspectiva de renovação política no país, em 2008, durou pouco. O Partido oposicionista Movimento pela Mudança Democrática (MDC) venceu eleições em março, mas retirou-se do segundo turno da disputa, denunciando perseguições. Em setembro, foi feito um acordo de partilha de poder entre Mugabe e o MDC -mas o acordo fracassou em dezembro.
A resolução do conflito depende da vizinha África do Sul, que exerce forte influência na região. Pretória, que passa por uma transição política, já começa a receber refugiados do Zimbábue. O ex-presidente sul-africano Thabo Mbeki participou da tentativa frustrada de acordo no país vizinho.
Crescem as pressões, domésticas e internacionais, pela saída de Mugabe. Se o presidente se retirar de cena, a resolução de um dos principais impasses políticos do continente pode ser facilitada. O drama social, contudo, dificilmente vai parar de piorar sem apoio das nações ricas.


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