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São Paulo, quarta-feira, 12 de fevereiro de 2003

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GRAMPOS NA BAHIA

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que já teve de renunciar a um mandato por acobertamento de violação do painel eletrônico do Senado, desponta como suspeito de estar ligado à instalação de grampos nos telefones de adversários políticos. A denúncia deve ser, evidentemente, investigada.
Numa democracia, todos são inocentes até prova em contrário. Mas não há como deixar de reparar que o "cui prodest" (a quem interessa) depõe contra o senador e o seu grupo político regional. Os grampeados foram os deputados federais Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Nelson Pellegrino (PT-BA) e o ex-deputado Benito Gama (PMDB-BA). Baianos como ele e adversários de ACM, os três apontam o senador como responsável pelas escutas.
Há vários elementos que sugerem o envolvimento de autoridades estaduais baianas, todas elas umbilicalmente ligadas ao senador. Os telefones dos três políticos e de alguns de seus parentes foram irregularmente incluídos numa ordem judicial que autorizava escuta telefônica. Segundo a PF, a adulteração no pedido foi feita pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que, na época, era subordinada ao então governador, Otto Alencar (PL), aliado de ACM.
O senador baiano nega qualquer participação nos grampos. Também negou envolvimento na violação do painel eletrônico, até que os fatos se sobrepuseram à sua versão.
O episódio precisa ser investigado até as últimas consequências, tarefa que a polícia baiana não parece em condições de levar adiante. É cedo para afirmar que uma CPI precisa ser instalada, mas essa é uma possibilidade a considerar, dependendo do andamento das apurações. Se ficar provado que um ou mais políticos com mandato estejam envolvidos, eles terão de responder por seus atos com a perda do cargo.


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