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GRAMPOS NA BAHIA
O senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), que já teve de renunciar a um mandato por
acobertamento de violação do painel
eletrônico do Senado, desponta como suspeito de estar ligado à instalação de grampos nos telefones de adversários políticos. A denúncia deve
ser, evidentemente, investigada.
Numa democracia, todos são inocentes até prova em contrário. Mas
não há como deixar de reparar que o
"cui prodest" (a quem interessa) depõe contra o senador e o seu grupo
político regional. Os grampeados foram os deputados federais Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA) e Nelson Pellegrino (PT-BA) e o ex-deputado Benito Gama (PMDB-BA). Baianos como ele e adversários de ACM, os três
apontam o senador como responsável pelas escutas.
Há vários elementos que sugerem
o envolvimento de autoridades estaduais baianas, todas elas umbilicalmente ligadas ao senador. Os telefones dos três políticos e de alguns de
seus parentes foram irregularmente
incluídos numa ordem judicial que
autorizava escuta telefônica. Segundo a PF, a adulteração no pedido foi
feita pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia, que, na época, era subordinada ao então governador, Otto Alencar (PL), aliado de ACM.
O senador baiano nega qualquer
participação nos grampos. Também
negou envolvimento na violação do
painel eletrônico, até que os fatos se
sobrepuseram à sua versão.
O episódio precisa ser investigado
até as últimas consequências, tarefa
que a polícia baiana não parece em
condições de levar adiante. É cedo
para afirmar que uma CPI precisa ser
instalada, mas essa é uma possibilidade a considerar, dependendo do
andamento das apurações. Se ficar
provado que um ou mais políticos
com mandato estejam envolvidos,
eles terão de responder por seus atos
com a perda do cargo.
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