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FERNANDO RODRIGUES
Lula sem pressa
BRASÍLIA - Devem comprar calmantes os políticos interessados
numa reforma ministerial imediata. Os cargos só saem em março,
quando o presidente da República
tiver uma noção clara de quem são
os mandantes em cada partido, sobretudo no PMDB.
Lula tem sido municiado por pesquisas. Sua imagem aparece ainda
num dos mais altos patamares desde o início de sua vida política. Para
melhorar seu conforto, a oposição
está esfacelada. O buraco do metrô
em São Paulo e a atitude ambígua
do PSDB no Congresso foram devastadores para os tucanos.
Ao conversar neste fim de semana com petistas em Salvador, Lula
foi claro ao explicar sua estratégia.
Fazer o PIB crescer acima da média
do seu primeiro mandato e aprofundar as políticas sociais para locais ainda não atendidos de forma
massificada, como as periferias de
grandes centros urbanos.
É claro que o Congresso pode ajudar ou atrapalhar. Mas deputados e
senadores terão também grande dificuldade para apresentar obstáculos -sobretudo contra um presidente popular e estando o Poder
Legislativo com sua credibilidade
tão dilapidada.
É argumentável que o país esteja
à mercê dos planos político-eleitorais de Lula, pois vários ministérios
andam de lado. Os interinos ficam
paralisados. Aguardam. Essa é uma
verdade possível.
A aposta de Lula é gastar o tempo
necessário agora para ter tranqüilidade no governo mais adiante.
Quando o PMDB ganhou ministérios no primeiro mandato, o Planalto foi ludibriado. Peemedebistas foram vendidos como grandes articuladores. O poder anunciado não se
traduziu em votos no Congresso. O
presidente decidiu inverter a lógica.
Ajudem primeiro. Os cargos virão
depois.
Vai dar certo? Impossível dizer.
Só não se devem desprezar a sorte e
a intuição pessoal de Lula.
frodriguesbsb@uol.com.br
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