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Mais beneficiados
Convênios para qualificar mão-de-obra, geridos pelo Ministério do Trabalho, precisam melhorar seus controles
O SISTEMA Público de
Emprego, Trabalho e
Renda (SPETR), gerido pelo Ministério do
Trabalho com recursos do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador), tem como objetivo qualificar trabalhadores e colocá-los no
mercado de trabalho.
Por meio da resolução nº 560,
de 28 de novembro de 2007, o
Codefat (Conselho Deliberativo
do FAT) ampliou as instituições
responsáveis pela execução das
ações do Sistema de Emprego.
Além dos órgãos dos governos
estaduais, do Distrito Federal,
das capitais e dos municípios
com mais de 200 mil habitantes,
foi permitida a celebração de
convênios com entidades privadas sem fins lucrativos (artigo
5º). As organizações candidatas
devem submeter projetos "à
aprovação das respectivas comissões municipais de emprego
e às comissões estaduais".
Com a economia em expansão
e as empresas contratando mais,
fica cada vez mais evidente a importância dessas ações, diante da
carência de mão-de-obra qualificada no país. Infelizmente, a má
gestão e as suspeitas de desvios
de recursos continuam a solapar
a eficiência e a credibilidade das
estruturas criadas para atender,
com dinheiro público, a essa
crescente demanda.
Segundo reportagem publicada ontem nesta Folha, uma entidade ligada à Força Sindical,
com dois grandes centros de
mão-de-obra, poderá receber R$
13,5 milhões para treinamento e
colocação de trabalhadores em
São Paulo. O gasto com colocação por beneficiado seria de R$
195,33 -quase o dobro do montante despendido em 2007 pelos
205 centros do governo paulista
e conveniados com prefeituras
na mesma finalidade.
É possível que os custos para
treinar mão-de-obra sejam um
pouco mais baixos para entidades públicas, pois elas não têm
de arcar com aluguéis e, em certos casos, com funcionários.
Mas, se o serviço prestado é o
mesmo, se a colocação no mercado de trabalho se dará da mesma maneira, é obviamente preferível alocar o dinheiro dos contribuintes onde mais cidadãos
serão beneficiados.
Não se pode, ademais, menosprezar o histórico de desconfiança sobre esses convênios para
empregar e treinar trabalhadores. Alvos de várias suspeitas de
desvio de finalidade e de recursos, submetidas a um péssimo
controle sobre o uso do dinheiro
repassado, tais parcerias vinham
sendo evitadas nos últimos anos.
Se o ministro do Trabalho,
Carlos Lupi (PDT), pretende retomar essas operações, no mínimo precisa apresentar novas
medidas de controle para dificultar o mau uso do dinheiro público. Um modo simples de efetuar essas alterações seria exigir
que os custos apresentados pelos candidatos a parceiros sejam
semelhantes aos menores atualmente praticados.
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