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São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2003

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ONU EM FRANGALHOS

No curto prazo, as Nações Unidas e a idéia de uma comunidade internacional atuante saem perdendo. Na verdade, saem quase esfaceladas pelo unilateralismo norte-americano, que, ao que tudo indica, vai lançar-se num conflito bélico mesmo contra decisão do Conselho de Segurança (CS) da ONU. Contará apenas com o apoio de alguns governos aliados, não necessariamente das populações desses países.
No médio e longo prazo, porém, a atual crise poderá revelar-se como um passo necessário para o resgate da credibilidade das Nações Unidas, em especial do CS.
Com efeito, desde o colapso da União Soviética, em 1991, e mesmo antes disso, quando já era patente a debilidade econômica da URSS, a acusação recorrente contra as Nações Unidas era a de ter-se tornado um mero balcão de despachos a ratificar -e, portanto, legitimar- decisões da Casa Branca, a qual, com seu incomparável poder financeiro e inquestionável força militar, sempre conseguia obter maioria nas votações do Conselho.
Agora, com o CS fraturado e os EUA ameaçando agir à revelia do sistema de segurança que ajudaram a criar, é impossível acusar a ONU de ter-se dobrado aos desejos de Washington. Ninguém deve ser ingênuo a ponto de acreditar que França, Rússia e Alemanha se opuseram a Bush apenas por acreditar em princípios. É evidente que razões econômicas e geopolíticas foram determinantes.
Como George W. Bush e seus falcões não estarão para sempre à frente da Casa Branca, é razoável supor que um próximo governo dos EUA procurará reinserir-se na ONU. É nessa hora que a independência pretendida por membros do CS poderá revelar-se útil. O Conselho, se de fato demonstrar que pode funcionar como um autêntico foro político internacional, terá a credibilidade para talvez dar início ao necessário processo de reformulação da ONU.


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