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ONU EM FRANGALHOS
No curto prazo, as Nações
Unidas e a idéia de uma comunidade internacional atuante saem
perdendo. Na verdade, saem quase
esfaceladas pelo unilateralismo norte-americano, que, ao que tudo indica, vai lançar-se num conflito bélico
mesmo contra decisão do Conselho
de Segurança (CS) da ONU. Contará
apenas com o apoio de alguns governos aliados, não necessariamente
das populações desses países.
No médio e longo prazo, porém, a
atual crise poderá revelar-se como
um passo necessário para o resgate
da credibilidade das Nações Unidas,
em especial do CS.
Com efeito, desde o colapso da
União Soviética, em 1991, e mesmo
antes disso, quando já era patente a
debilidade econômica da URSS, a
acusação recorrente contra as Nações Unidas era a de ter-se tornado
um mero balcão de despachos a ratificar -e, portanto, legitimar- decisões da Casa Branca, a qual, com seu
incomparável poder financeiro e inquestionável força militar, sempre
conseguia obter maioria nas votações do Conselho.
Agora, com o CS fraturado e os
EUA ameaçando agir à revelia do sistema de segurança que ajudaram a
criar, é impossível acusar a ONU de
ter-se dobrado aos desejos de Washington. Ninguém deve ser ingênuo
a ponto de acreditar que França, Rússia e Alemanha se opuseram a Bush
apenas por acreditar em princípios.
É evidente que razões econômicas e
geopolíticas foram determinantes.
Como George W. Bush e seus falcões não estarão para sempre à frente da Casa Branca, é razoável supor
que um próximo governo dos EUA
procurará reinserir-se na ONU. É
nessa hora que a independência pretendida por membros do CS poderá
revelar-se útil. O Conselho, se de fato
demonstrar que pode funcionar como um autêntico foro político internacional, terá a credibilidade para
talvez dar início ao necessário processo de reformulação da ONU.
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