São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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PAINEL DO LEITOR

Bem e mal
"Por que o espanto com a absolvição de dois deputados falcatrueiros? Os outros também escaparão à punição. E quem os colocou lá? Eles não caíram do céu. Nós os elegemos. E eles não se julgam acima do bem e do mal, eles "estão" acima do bem e do mal."
Kleber Vanetti (Belo Horizonte, MG)
 

"Definitivamente, perdi o resto de esperança. De minha parte prometo que, a partir da próxima eleição, não voto em ninguém. Prometo também não ler mais nada sobre política. Cheguei à conclusão de que, infelizmente, Lula estava certo: há mais ou menos 300 picaretas na Câmara."
Adair Moreira (Guarulhos, SP)

Exército no morro
"Uma pergunta não quer calar. Como podemos entregar a guarda do país a quem não consegue guardar a sua própria casa? É inadmissível que meia dúzia de bandidos invadam um quartel, onde se supõe haver segurança total, e saiam ilesos, com o roubo consumado. Infelizmente, no Brasil, permanece tudo como dantes no quartel de Abrantes."
Vitor Satcheki (Santo André, SP)
 

"O que me causa revolta é a revolta dos leitores que escreveram comentando o gesto dos meninos na foto publicada sexta-feira na Primeira Página e os motivos alegados para tal: manchar a imagem do Brasil no mundo. Pelo amor de Deus, minha gente, vamos acordar! O Exército invadiu vários morros cariocas, tomou as ruas, entrou na casa das pessoas, provocou a morte (danos colaterais?) de um menor de 16 anos (provavelmente da mesma idade dos garotos da foto), tudo isso em busca de armas que nunca deveriam ter saído de seus quartéis. À incompetência e desmandos do Exército, e à arbitrariedade da invasão de seus lares, os garotos na foto respondem com gestos obscenos? É muito pouco! É um protesto mais que legítimo. Se o Exército invadisse qualquer bairro de classe média/alta, se entrasse nas casas de pessoas de classe média/alta, se matasse um filho da classe média/alta também se veria a coisa do mesmo ponto de vista? E quem disse que essas armas não estão num bairro de classe média? Quanto à imagem do Brasil no exterior, quem é que está preocupado com imagem? Nós precisamos é de um país de verdade, democrático de verdade. Um país que não mate seus adolescentes, ricos ou pobres. Um país que vá à favela para melhorar a vida das pessoas, e não só para invadir suas casas. É disso que precisamos, não de uma imagem no exterior bonita... e falsa."
Alan Demanboro (Osasco, SP)
 

"Causa estranheza que o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro queira interferir nas ações conjuntas do Exército e das polícias que têm o objetivo de resgatar armas roubadas alegando que as Forças Armadas, sobretudo o Exército, são treinadas somente para matar. O Exército não vai ao morro atirando a esmo. Há quem coordene as ações, há comando. E as ações são planejadas e criteriosas. A PM, quando sobe o morro, não sobe dando beijinhos em ninguém. A população tem de colaborar para seu próprio bem-estar. Parece-me que, mais uma vez, o MPF não quer perder a chance dos holofotes."
João Carlos Gonçalves Pereira, advogado, subtenente da reserva do Exército (Lins, SP)

Reforma agrária
"É de causar espanto a opinião da Folha de que a reforma agrária seria uma política assistencialista ("O preço da leniência", Opinião, 7/3). Todos as nações decentes e desenvolvidas realizaram a reforma agrária justamente por ser uma política potente para promover a distribuição de renda, a soberania alimentar, a fixação do homem no campo, o aumento da oferta de alimentos e a formação de mercado interno consumidor, além de ser uma forma barata de geração de empregos. Vale lembrar que mais de 60% do alimento que chega às mesas dos brasileiros é proveniente da agricultura familiar e da pequena propriedade e que a grande propriedade voltada ao agronegócio exportador cria menos emprego que qualquer outro setor da economia. Vale também ressaltar que os EUA só se tornaram a potência que são hoje devido a um imenso mercado interno, formado por milhões de pequenas propriedades familiares. Ignorar isso é ignorar a história."
Rafael Netto Moreira Garcia, engenheiro agrônomo, ex-presidente do Centro Acadêmico "Luiz de Queiroz" (São Paulo, SP)

O vôo do general
"Luís Nassif, em seu artigo de 9/3 no caderno Dinheiro, defende o general Albuquerque no recente e falado episódio em que o militar fez voltar da pista uma aeronave que se preparava para decolar. Segundo Nassif, cabe-lhe perfeitamente a prerrogativa de requisitar não só um assento como a aeronave inteira, por ser o general comandante de um Exército nacional. Ora, em primeiro lugar, se a viagem do general era de fato tão importante, por que não requisitar aeronave militar? E, em não a requisitando (e assim optando por agir como civil, e não como militar), por que não se comportar como civil e chegar uma hora antes do vôo, como fazem todos os demais? Parece que o general quis conciliar a demagogia de agir como humilde com as prerrogativas militares que lhe são conferidas. Se o general quis servir-se de suas prerrogativas militares, então que agisse como militar do começo ao fim. Se quer agir como civil, que se comporte como civil. Ou aceite as justíssimas vaias."
Alexandre Guaspari Barreto (Porto Alegre, RS)

Justiceiros
"No artigo "Os justiceiros e o Judiciário" ("Tendências/Debates", 3/3), o autor promove confusão conceitual e pratica grave injustiça ao tratar defensores dos direitos humanos e defensores de penas duras como "justiceiros". Os dois grupos defendem suas visões de mundo e pontos de vista respeitando as regras do Estado de Direito, através de debates públicos, mudanças políticas e legislativas e processos judiciais. Procuram a Justiça através do Judiciário. "Justiceiros" são aqueles que dispensam o Judiciário e fazem justiça com as próprias mãos, como aconteceu no massacre do Carandiru e em muitos outros crimes graves cujos responsáveis até hoje não foram punidos."
José Miguel Vivanco e Paulo de Mesquita Neto, Human Rights Watch/Americas (São Paulo, SP)

Voto ativo
"A propósito da notícia "Alckmin dá aumento de até R$ 580 para policiais, mas entidades fazem críticas" (Cotidiano, 4/3), que revelou que o governador Geraldo Alckmin anunciou aumento salarial para os policiais civis e militares "da ativa", gostaria de lembrar ao senhor governador, pretenso candidato à Presidência da República, que os policiais civis e militares inativos também votam."
Joaquim Reis Júnior, delegado de polícia aposentado (Martinópolis, SP)

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