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CLÓVIS ROSSI
Recompensar o fracasso
LONDRES - Duas iniciativas que
deveriam merecer a atenção do serviço público brasileiro:
1 - O Reino Unido está lançando
um endereço na internet para que
os usuários de alguns serviços públicos se manifestem sobre a atenção recebida (ou a falta dela).
A ideia é um pouco imitar resenhas de livro que aparecem, por
exemplo, na Amazon.com. Quem
quer comprar um livro pode, antes,
ler o que dizem dele. Por que não ler
o que dizem usuários de clínicos gerais e serviços policiais, dois dos setores que estarão na linha de frente
da experiência?
Explica o primeiro-ministro Gordon Brown: "Alguma coisa está errada quando negócios on-line têm
padrões de transparência mais elevados do que serviços públicos pelos quais pagamos e apoiamos".
As escolas também entrarão no
esquema, de tal forma que a satisfação dos pais de alunos passará a ser
parte importante da avaliação delas
-e dos professores.
É bom explicar que, no Reino
Unido, ninguém vai diretamente a
um médico especialista. Tem que
passar, antes, por um clínico geral,
claro que do NHS (a sigla em inglês
para Serviço Nacional de Saúde, público). Daí a importância da opinião
dos pacientes sobre quem os atende
em primeiro lugar.
2 - O programa de aperfeiçoamento da educação dos Estados
Unidos, lançado anteontem pelo
presidente Barack Obama, apoia-se
em uma frase que me parece irretocável: "Se a um professor é dada
uma oportunidade, ou duas, ou três,
e ele continua sem melhorar, não
há desculpa para que essa pessoa siga educando. Rechaço um sistema
que recompense o fracasso".
Se você pensou na penca de professores nota zero que continuam
"educando" em São Paulo, saiba
que eu pensei a mesmíssima coisa
ao ler a frase de Obama.
Já não passou da hora de o serviço público brasileiro buscar -e recompensar- o sucesso?
crossi@uol.com.br
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