São Paulo, quinta-feira, 12 de março de 2009

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Tibete mais autônomo

MEIO SÉCULO depois do fracassado levante no Tibete contra a ditadura chinesa, uma mudança de orientação, da parte da liderança religiosa no exílio, vem reduzindo as reivindicações a um patamar mínimo. O dalai-lama, líder do budismo tibetano hoje abrigado na Índia, deixou, nos últimos anos, de propugnar pela independência para a região.
"A cultura e a identidade tibetanas estão perto de sumir", declarou anteontem o líder religioso da etnia que, na China, abrange 5 milhões de pessoas -concentradas na montanhosa faixa sudoeste da fronteira chinesa. A ênfase na luta por mais autonomia no Tibete, destinada unicamente a preservar o modo de vida, costumes e hábitos religiosos, passou a conviver com a aceitação, pelo dalai-lama, da soberania da China sobre a região.
Não há sentido prático nem político na luta pela independência. A história demonstra que o domínio chinês sobre o território do Tibete é secular. Por essa e outras razões, o separatismo tibetano não consegue angariar apoio de outras nações.
Já o combate seja às violações sistemáticas dos direitos humanos, seja ao que o dalai-lama denominou "genocídio cultural", encontra amplo respaldo internacional -e nos fatos. O objetivo de Pequim de eliminar a influência da religião no Tibete, que tomou a forma de uma cruzada ostensiva e violentíssima nos anos 1960 e 1970, não foi abandonado; alterou-se apenas o método.
Tibetanos são tratados como chineses de segunda classe pelo regime de partido único. Pequim restringe suas viagens para fora do país, veda a entrada de jornalistas e turistas estrangeiros no território quando bem entende e não se furta a reprimir brutalmente qualquer ato de protesto.


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