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KENNETH MAXWELL
Cuba, de novo
RAÚL CASTRO surpreendeu
muita gente, na semana passada, ao inesperadamente
demitir dois dos mais proeminentes membros de seu governo. Carlos Lange era vice-presidente, e Felipe Pérez Roque era ministro das
Relações Exteriores. Os dois eram
há muito alardeados como possíveis sucessores de Fidel Castro.
Foi uma decisão dramática para
o Castro mais jovem. Desde que assumiu, substituindo o irmão doente, um ano atrás, Raúl vem sendo
criticado por não promover mudanças reais. No geral, ele reorganizou quatro ministérios, substituiu 12 membros do gabinete e entregou duas posições importantes
a militares.
Fidel Castro deu a entender que
aprovava a decisão. Lange e Pérez
Roque foram seduzidos pelo "mel
do poder". Em artigo para o jornal
do Partido Comunista cubano, ele
disse que "o inimigo externo estava
repleto de ilusões quanto a eles".
O que afinal está acontecendo
em Cuba? Há três desdobramentos
dignos de nota.
O primeiro é que Raúl consolida
seu poder. Além de substituir os
ministros das Finanças, Trabalho e
Economia, os dois generais promovidos representam as Forças Armadas, há muito a base de poder de
Raúl no seio do regime.
O segundo é a necessidade de reforma. A benevolência da Venezuela se provou essencial para Cuba. Mas talvez não perdure. Chávez
enfrenta restrições como resultado
do colapso dos preços do petróleo
no mercado internacional e já não
dispõe dos meios para subsidiar
Cuba indefinidamente.
Terceiro, há o potencial de um
avanço na longa guerra fria entre
os EUA e Cuba. Richard Lugar,
principal republicano no Comitê
de Relações Exteriores do Senado,
divulgou relatório no qual recomenda que o relacionamento entre
os EUA e Cuba seja repensado.
Mas, embora existam mudanças
em curso em Cuba e a despeito de
muitos norte-americanos estarem
cansados do impasse, do lado dos
EUA surgiu nova demonstração de
até que ponto a política de Washington em relação a Cuba continua refém de preocupações de política interna.
Devido ao balanço de poder muito apertado no Senado, os democratas não têm capacidade de obter
maioria de dois terços. Como resultado, os senadores de ascendência cubana Mel Martinez (republicano da Flórida) e Robert Menendez (democrata de Nova Jersey) se
uniram para bloquear a aprovação
do Orçamento dos Estados Unidos
com a alegação de que ele prevê relaxamentos nas restrições de viagem e comércio com Cuba.
Os senadores foram persuadidos
a deixar de lado sua oposição depois de receberem garantias da Casa Branca. Mas o episódio demonstra até que ponto é delicado o processo de promover mudanças.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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