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ELIANE CANTANHÊDE
Bomba relógio
ESTOCOLMO - Quanto mais o
tempo passa, mais os suecos, franceses e americanos ficam nervosos
diante da decisão de Lula sobre o
melhor pacote para entronizar o
Brasil na fantástica era da produção
de aviões supersônicos.
O vice-ministro da Defesa da
Suécia, Hakan Jevrell, me disse ontem, aqui em Estocolmo, que há
muita ansiedade, mas pouca informação, sobre o anúncio, que seria
em setembro de 2009, passou para
outubro, para dezembro e acabou
varando o ano. Até agora, nada.
Jevrell aproveita para rebater
duas críticas restantes ao caça Gripen NG: a diversidade de fornecedores estrangeiros e o risco de mudanças no preço final e nos prazos,
já que é um produto pronto.
Segundo ele, não há um só avião
de caça integralmente produzido e
equipado num único país. O francês
Rafale -preferido pela área política
do governo- tem, inclusive, sistemas dos EUA e da própria Suécia. O
motor do Gripen é dos EUA, mas o
ministro menosprezou: o avião será
adaptável a qualquer motor, de
qualquer país. Algum problema de
autorização? Basta trocar.
Quanto a prazo e preços, ele repete o que a Saab, do Gripen, sempre
diz: a empresa tem um velho histórico de cumprimento de contratos.
Não seria agora que iria falhar.
Se Lula anunciar a vitória dos
suecos, estará bem ancorado no relatório técnico da FAB e na preferência da Embraer. Mas, se optar
pelo F-18, que ficou em segundo lugar, ou pelo Rafale, que ficou em último, Jobim vai ter que se esmerar
para produzir e redigir argumentos
minimamente convincentes. Falar
apenas em "questões políticas" é
muito vago, podendo até resvalar
para o suspeito.
Como disse Jevrell, o fator político é importante, mas não o único.
Se tudo não ficar em pratos limpos,
países e empresas vão pensar uma,
duas, dez vezes antes de gastar milhões em seleções que, na verdade,
eram só para sueco ver.
A bomba está no colo de Jobim.
elianec@uol.com.br
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