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CAOS HUMANITÁRIO
A situação humanitária no
Iraque é a pior possível. Toda
guerra provoca mortes e sofrimento.
Encontrar comida e água limpa torna-se um problema; hospitais ficam
lotados e, em geral, sem energia elétrica e sem suprimentos; e grandes
contingentes populacionais são deslocados, agravando ainda mais os
problemas de abastecimento.
Tudo isso aconteceu em Bagdá e
nas principais cidades iraquianas,
mas com agravantes. O rápido colapso do regime de Saddam levou
consigo a autoridade civil. Diante da
recusa inicial das forças ocupantes
de desempenhar papel de polícia, cidades como Bagdá, Basra e Kirkuk
tornaram-se terra de ninguém, onde
quem dá as cartas são gangues improvisadas de saqueadores.
Seria até esperado que a população
depredasse edificações vinculadas ao
antigo regime, como os palácios de
Saddam Hussein ou as sedes do partido Baath, mas a pilhagem foi muito
além. Edifícios da ONU, embaixadas
estrangeiras, lojas e mesmo casas de
cidadãos comuns foram assaltados.
Nem os hospitais escaparam à sanha
devastadora. Até estetoscópios e incubadoras foram roubados. Houve
quem se aproveitasse do caos reinante nas cidades para acertar antigas
contas e assassinar desafetos.
Foi incompreensível a negativa inicial dos militares da coalizão de garantir a segurança até mesmo dos
hospitais, como, aliás, determinam
as Convenções de Genebra. É evidente que as forças ocupantes precisam
assegurar a ordem cujo rompimento
elas patrocinaram. A demora em fazê-lo soa um pouco como uma "operação psicológica", uma forma de
tornar a presença dos invasores até
ansiada pela população civil.
É sem dúvida necessário que os soldados da coalizão atuem como policiais, o que não é uma operação sem
riscos. Por vezes, a única forma de
pôr fim a uma onda de saques é alvejando os arruaceiros, o que é ruim
para a imagem do Exército. Esse é
apenas um dos inúmeros problemas
que essa guerra insensata acarreta.
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