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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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CAOS HUMANITÁRIO

A situação humanitária no Iraque é a pior possível. Toda guerra provoca mortes e sofrimento. Encontrar comida e água limpa torna-se um problema; hospitais ficam lotados e, em geral, sem energia elétrica e sem suprimentos; e grandes contingentes populacionais são deslocados, agravando ainda mais os problemas de abastecimento.
Tudo isso aconteceu em Bagdá e nas principais cidades iraquianas, mas com agravantes. O rápido colapso do regime de Saddam levou consigo a autoridade civil. Diante da recusa inicial das forças ocupantes de desempenhar papel de polícia, cidades como Bagdá, Basra e Kirkuk tornaram-se terra de ninguém, onde quem dá as cartas são gangues improvisadas de saqueadores.
Seria até esperado que a população depredasse edificações vinculadas ao antigo regime, como os palácios de Saddam Hussein ou as sedes do partido Baath, mas a pilhagem foi muito além. Edifícios da ONU, embaixadas estrangeiras, lojas e mesmo casas de cidadãos comuns foram assaltados. Nem os hospitais escaparam à sanha devastadora. Até estetoscópios e incubadoras foram roubados. Houve quem se aproveitasse do caos reinante nas cidades para acertar antigas contas e assassinar desafetos.
Foi incompreensível a negativa inicial dos militares da coalizão de garantir a segurança até mesmo dos hospitais, como, aliás, determinam as Convenções de Genebra. É evidente que as forças ocupantes precisam assegurar a ordem cujo rompimento elas patrocinaram. A demora em fazê-lo soa um pouco como uma "operação psicológica", uma forma de tornar a presença dos invasores até ansiada pela população civil.
É sem dúvida necessário que os soldados da coalizão atuem como policiais, o que não é uma operação sem riscos. Por vezes, a única forma de pôr fim a uma onda de saques é alvejando os arruaceiros, o que é ruim para a imagem do Exército. Esse é apenas um dos inúmeros problemas que essa guerra insensata acarreta.


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