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MAPA SEM TESOURO
A publicação do "Mapa da
Exclusão Digital" é mais um sinal de alerta sobre os riscos de perenização do subdesenvolvimento.
Somente 12,46% dos brasileiros
têm computador em casa e a proporção dos que estão conectados à internet é ainda menor: 8,31%.
Assim, há também um "apartheid
digital", pois para cada negro ou pardo com acesso aos benefícios da informática há 3,5 brancos.
Há duas formas de enfrentar essa
nova forma de "apartheid", que condena a economia brasileira a andar
na rabeira dos principais desenvolvimentos econômicos e tecnológicos
da sociedade da informação. Uma é
ampliar o acesso a computadores em
rede. Outra é desenhar um modelo
mais amplo de inclusão digital.
A ampliação do acesso às redes
com investimentos públicos em todos os níveis de governo ainda é insuficiente. Recursos voltados para
esse fim, como os do Fust, têm sido
retidos pelo ajuste fiscal.
Há também formas equivocadas de
dar acesso, como distribuir computadores. Sem acesso às redes digitais,
dispor de máquina, teclado e impressora não leva a lugar nenhum.
A outra grande oportunidade de alterar o perfil da inclusão digital é colocar o desafio no contexto de uma
transformação tecnológica maior,
que vê na televisão o grande canal de
acesso às redes digitais interativas.
Há interesses de vulto em jogo, das
redes de TV abertas às empresas do
complexo eletroeletrônico.
Nesse campo, entretanto, tem predominado a falta de transparência e
mesmo a desarticulação no governo
federal. O desafio já foi assumido pelo Ministério das Comunicações,
mas o de Ciência e Tecnologia opina
e a pasta da Educação tem seus planos, numa ciranda que envolveria
agora também a Casa Civil.
É urgente integrar as áreas de governo relevantes e dar transparência
ao processo, sobretudo sobre o uso
de fundos como o Fust e o Funtel.
Sem estratégias claras e integradas,
a publicação do mapa da exclusão
por muito tempo será apenas um
alerta para oportunidades perdidas.
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