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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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MAPA SEM TESOURO

A publicação do "Mapa da Exclusão Digital" é mais um sinal de alerta sobre os riscos de perenização do subdesenvolvimento.
Somente 12,46% dos brasileiros têm computador em casa e a proporção dos que estão conectados à internet é ainda menor: 8,31%.
Assim, há também um "apartheid digital", pois para cada negro ou pardo com acesso aos benefícios da informática há 3,5 brancos.
Há duas formas de enfrentar essa nova forma de "apartheid", que condena a economia brasileira a andar na rabeira dos principais desenvolvimentos econômicos e tecnológicos da sociedade da informação. Uma é ampliar o acesso a computadores em rede. Outra é desenhar um modelo mais amplo de inclusão digital.
A ampliação do acesso às redes com investimentos públicos em todos os níveis de governo ainda é insuficiente. Recursos voltados para esse fim, como os do Fust, têm sido retidos pelo ajuste fiscal.
Há também formas equivocadas de dar acesso, como distribuir computadores. Sem acesso às redes digitais, dispor de máquina, teclado e impressora não leva a lugar nenhum.
A outra grande oportunidade de alterar o perfil da inclusão digital é colocar o desafio no contexto de uma transformação tecnológica maior, que vê na televisão o grande canal de acesso às redes digitais interativas.
Há interesses de vulto em jogo, das redes de TV abertas às empresas do complexo eletroeletrônico.
Nesse campo, entretanto, tem predominado a falta de transparência e mesmo a desarticulação no governo federal. O desafio já foi assumido pelo Ministério das Comunicações, mas o de Ciência e Tecnologia opina e a pasta da Educação tem seus planos, numa ciranda que envolveria agora também a Casa Civil.
É urgente integrar as áreas de governo relevantes e dar transparência ao processo, sobretudo sobre o uso de fundos como o Fust e o Funtel.
Sem estratégias claras e integradas, a publicação do mapa da exclusão por muito tempo será apenas um alerta para oportunidades perdidas.


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